Campanha intensifica ações contra o tráfico de pessoas no Carnaval

25/02/2006 - 11h56

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime iniciou ontem (24) uma campanha de prevenção contra o tráfico de pessoas durante o Carnaval, em ações articuladas com o Ministério da Justiça e os governos do Rio de Janeiro, Ceará e Goiás.

A coordenadora do escritório das Nações Unidas no Ceará, Eline Marques, explicou que as ações já existem há um ano, mas agora será intensificado o trabalho de esclarecimento contra o aliciamento de menores pelas redes internacionais de tráfico de pessoas.

Segundo ela, qualquer fato estranho e que chame a atenção - como um casamento súbito ou proposta de emprego fácil no exterior para ganhar muito dinheiro - deve ser imediatamente denunciado às polícias Civil e Militar, que estão orientadas para encaminhar o caso. Um exemplo, lembrou Eline, foi a prisão de um italiano no mês passado, em Fortaleza, que aliciava garotos para "venda" na Itália pela internet.

A campanha tem apoio também do Programa Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e Aids, do Ministério da Saúde, que doou 100 mil camisinhas para distribuição às profissionais do sexo, junto com instruções para reconhecer e denunciar exploração sexual e tráfico de pessoas através dos telefones 0800-99-0500 ou 0(xx) 61 3311 8705 / 3311 8270.

A campanha ganhou, no último dia 21, o reforço de uma ação governamental que envolve oito ministérios e é coordenada pelo Ministério do Turismo. O Disque-Denúncia (0800-99-0500) já contabilizou mais de 5,5 mil ligações desde o lançamento.

No Carnaval do ano passado, foram registradas 14.376 denúncias e o estado com maior volume foi São Paulo, com 1.755 chamadas. De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), há casos de abuso sexual contra crianças e adolescentes em 936 municípios brasileiros.

Uma pesquisa das Nações Unidas constatou que as mulheres jovens, na faixa de 18 a 21 anos, solteiras e com baixa escolaridade, são o alvo principal das redes de aliciamento que operam no Brasil. A maioria dos aliciadores são homens bem estabelecidos, entre 30 e 40 anos, com bom grau de instrução e relações estáveis.

De acordo com a pesquisa, muitos aliciadores são empresários que atuam em diferentes negócios, como casas de espetáculos, comércio, agências de encontro, bares, agências de turismo e salões de beleza e os principais destinos das vítimas são Espanha, Itália e Portugal, mas existe tráfico também para Suíça, Israel, França, Japão e Estados Unidos.