EUA oferecem apoio financeiro para tentar exportar mais, criticam movimentos

15/12/2005 - 17h10

Mylena Fiori
Enviada especial

Hong Kong – Ativistas da rede de movimentos sociais Nosso Mundo Não Está a Venda prepararam uma surpresa de Natal, hoje (15), para o representante europeu de Comércio, Peter Mandelson. Vestidos de papais e mamães Noel e mostrando caixas vazias, cercaram Mandelson na saída de uma entrevista coletiva. Cantaram em inglês, em melodia de Jingle Bells: "Mandelson, Mandelson, este é o presente que temos para você, comércio em troca de ajuda é o jogo que você joga".

O protesto irônico era uma crítica à ajuda financeira concedida pelos países ricos às nações pobres. Segundo os integrantes da rede Nosso Mundo Não Está a Venda, a oferta é feita em troca da possibilidade dos países do Sul do planeta abrirem mais seus mercados à importação de produtos dos EUA.

A manifestação ocorreu dentro do Centro de Convenções de Hong Kong, onde acontece a 6ª Reunião Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC). Segundo os manifestantes, as caixas vazias simbolizam as promessas vazias feitas por União Européia e Estados Unidos.

A crítica referia-se ao pacote de desenvolvimento em negociação em Hong Kong, que oferece acesso a mercado, livre de taxas e cotas, para produtos dos chamados Países de Menor Desenvolvimento Relativo (LDCs, pela sigla em inglês). Os ativistas acreditam que este pacote tem por objetivo criar a ilusão de uma confêrencia voltada ao desenvolvimento.

"As propostas dos Estados Unidos e da União Européia exigem que os países em desenvolvimento abram ainda mais seus mercados em agricultura, bens industriais e serviços, apesar da resistência de muitos destes países", afirma o texto divulgado pela rede. "Na verdade, a Agenda de Desenvolvimento de Doha tem por objetivo abrir ainda mais os mercados do Sul."

A rede de organizações não governamentais destaca que os países de desenvolvimento apresentaram diversas propostas de revisão dos acordos "injustos" da OMC, que afetam a subsistência, a segurança alimentar, a saúde e o meio ambiente. "Tais propostas foram ignoradas pelos países desenvolvidos", diz o documento de protesto.