Conferência pede expansão de plano de combate ao desmatamento na Amazônia a outros biomas

13/12/2005 - 20h03

Michèlle Canes
Da Agência Brasil

Brasília – Reforçar a proteção e o desenvolvimento sustentável nos biomas brasileiros e expandir o plano de combate ao desmatamento na Amazônia para outras áreas do país. Essas foram duas das principais decisões tomadas pelos debatedores do Grupo Temático (GT) Biodiversidade e Florestas na 2ª Conferência Nacional do Meio Ambiente.

Maria Rejane Barbosa veio para a conferência representando a organização não-governamental (ONG) Fórum de Defesa dos Manguezais, da Paraíba. Segundo ela, o seu estado defendeu a preservação da caatinga e dos manguezais. "Pedimos políticas públicas, integradas, com a participação da sociedade civil, das comunidades tradicionais, dos pescadores nas áreas de mangue e dos pequenos produtores das áreas da caatinga. Queremos o apoio do governo, que é quem encaminha essas decisões", afirmou.

Para ela, essas ações são importantes porque os dois biomas são, sobretudo, pobres. "Isso faz com que ela [a caatinga] venha cada vez mais perdendo importância e sofra muito com o desmatamento. Isso porque teoricamente não traz retorno econômico. No caso dos manguezais, eles sofrem uma degradação muito grande porque estão próximos às áreas urbanas."

O oceanógrafo Leopoldo Cavaleri, representante da ONG baiana Ecomar – Associação de Estudos Costeiros e Marinhos de Abrolhos que trata das áreas marinhas, contou que o primeiro tema discutido pelo grupo foi justamente a questão florestal. Segundo ele, a proposta do GT é que o plano de ação para a contenção do desmatamento na Amazônia seja aplicado em outros biomas brasileiros, como o cerrado e a caatinga.

"São dois ecossistemas que estão muito esquecidos. A gente vê que existe um foco maior na mata atlântica e na Amazônia, e o cerrado e a caatinga acabam sendo prejudicados. Então esse plano de ação da Amazônia poderia ser aplicado nos ecossistemas florestais brasileiro. Desmatamento foi um tema vastamente debatido. Aí, a gente percebe que existe um debate interessante e construtivo do setor empresarial com a sociedade civil", comenta ele.

O oceanógrafo disse que o GT fez bons avanços na discussão sobre Unidades de Conservação, principalmente no que diz respeito às unidades marinhas. "Falamos da criação da Rumar, que é Rede de Unidade de Conservação Marinha e Costeiras do Brasil. Esse projeto, que foi solicitado na proposta, vem buscar mecanismos de financiamento alternativo como compensação ambiental e mecanismos de conversão de multas ambientais e direcionar esses recursos para implantação de novas unidades marinhas e costeiras", informa ele.

Cavaleri afirma que essa decisão deve reforçar o compromisso assumido pelo Brasil na Convenção da Diversidade Biológica, de ampliar, até 2012, para 30% a porcentagem de áreas marinhas protegidas. Hoje, segundo ele, o país tem apenas 1% dessas áreas com proteção.

"Eu acredito que é uma meta muito difícil de ser atingida. Mas o núcleo de zona costeira e marinha do Ministério do Meio Ambiente tem investido em políticas públicas para fortalecer essa rede nacional de áreas marinhas."

Durante a tarde de hoje (13), todas as propostas feitas pelos grupos de trabalho da conferência que reúne governo e sociedade civil, foram votadas em plenária.