Procurador-geral garante que não se omitirá caso fique provada existência de ''mensalão''

09/12/2005 - 20h07

Érica Santana
Envida especial

Vitória - O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, afirmou hoje (9) que não deixará de indiciar os envolvidos no suposto esquema de pagamento de mesadas a parlamentares, o chamado "mensalão", desde que haja provas contra os acusados. "O meu compromisso, o meu mandato, é para defender a sociedade e exercer a ação penal no Supremo [Tribunal Federal] em nome da sociedade. E não vou deixar em nenhum momento de cumprir esse compromisso constitucional", declarou, no 3º Encontro da Estratégia Nacional para o Combate à Lavagem de Dinheiro (Encla).

O procurador disse estar acompanhando o inquérito de perto, mas ressaltou que por ora não se manifestará sobre o assunto. "O objetivo do inquérito está sendo executado para que eu possa fazer contra os responsáveis, com base no que ficar apurado, uma acusação formal perante o Supremo com condições de ser provada e obtida a condenação dos responsáveis. Esse é meu compromisso no inquérito. Ao final o procurador-geral não se omitirá como não se omite em caso algum de manifestar expressamente sua opinião", garantiu.

Souza informou que, apesar de o inquérito ainda não estar concluído, por causa da falta de informações, o processo já avançou bastante. "Estamos apreciando informações bancárias e outras – a CPI tem grande parte disso – e isso exige um trabalho cauteloso de comparação e depuração das informações. O inquérito já está numa fase bem avançada e estou enviando todos os esforços para que com a maior brevidade possível cheguemos a uma conclusão."

O procurador-geral disse também que outros partidos, além do PT, serão auditados pela Receita Federal, a pedido dele. Segundo Souza, serão objeto de investigação "todos os partidos que nos nossos levantamentos revelarem haver indicação de que a contabilidade apresentada não confere com a os recursos que transitaram pelas contas do partidos". Ele não informou quais partidos fazem parte da lista.

Antonio Fernando Souza não esclareceu se a auditoria seria para identificar a existência de caixa 2 nos partidos políticos. "Todo pedido de apuração é para identificar alguma coisa", disse. "Mas não tenho certeza de nada, tenho informações que coincidem com certos dados lançados na contabilidade e dados de movimentação que podem ser objeto de esclarecimento com essa auditoria."