Em <i>Diálogo Brasil</i>, debatedores cobram ações em defesa dos direitos humanos

20/10/2005 - 0h27

Adriana Franzin
Da Agência Brasil

Brasília - O integrante da Comissão Nacional de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, João Luiz Duboc Pinaud, disse durante o programa Diálogo Brasil que o governo atual finge que faz direitos humanos. "Os governos utilizam a palavra, a expressão ‘direitos humanos’, mas eles não colocam nos atos, nos atos administrativos, não há reprovação à tortura", afirmou ele no estúdio da TVE Brasil, no Rio de Janeiro.

No estúdio da TV Nacional, em Brasília, o professor Antonio José Barbosa, do Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB) defendeu que não acredita na possibilidade da volta da tortura no país: "Trinta anos depois do assassínio de Vlad, eu não vejo perspectiva alguma de repetição de atos dessa natureza do ponto de vista político no país". Para ele, desde a época da ditadura, a sociedade amadureceu quanto ao reconhecimento dos direitos humanos, mas mesmo assim ainda não conseguiu transformar a herança histórica violenta do século XVI. "O processo de evolução histórica desses direitos na sociedade brasileira, além de ser lento, é profundamente desigual", argumentou.

O deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) afirmou, também no estúdio da TV Nacional, que a população se envergonha da falta de providências do governo quanto ao caso das vítimas da ditadura: "Só no Brasil que a transição do regime ditatorial para o democrático foi tutelada". Ele disse que o Brasil começou seu processo de democratização antes do Chile, da Argentina e do Uruguai, e que mesmo eles já abriram arquivos e indenizaram familiares de mortos e desaparecidos. "Não foi punido um militar no Brasil", indignou-se.

Já no estúdio da TV Cultura, em São Paulo, o jornalista, professor universitário e consultor em comunicação Sérgio Gomes, um dos sobreviventes à tortura aplicada pelo governo militar, cobrou do governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, a continuação do processo iniciado por Mário Covas na Câmara Legislativa, que objetiva indenizar as famílias dos 1700 mortos e desaparecidos durante o regime militar: "Geraldo Alckmin, em nome de todos os jornalistas, honre a memória de Mário Covas e comemore os trinta anos de Herzog: deposite o dinheiro na conta das famílias dos perseguidos, para que eles sejam reconhecidos como pessoas que lutaram pela democracia".Ele também convidou a população a participar das manifestações em homenagem aos direitos humanos e a Vladimir Herzog no próximo domingo, em São Paulo. Haverá um ato ecumênico que reunirá representantes de mais de 20 religiões na catedral da Sé as 16hs, afirmou.

O programa Diálogo Brasil é exibido para todo Brasil sempre às quartas-feiras às 22h30. e também para o Japão. Os debates são mediados pelo jornalista Florestan Fernandes Júnior e contam com a participação dos telespectadores através do e-mail dialogobrasil@radiobras.gov.br e pelo telefone (61) 3327-4210.