Irene Lôbo e Juliana Andrade
Repórteres da Agência Brasil
Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje (15) em Salamanca, na Espanha, que possui informações de que itens da medida provisória 252 serão incluídos numa outra medida provisória. A MP 252, a chamada "MP do Bem", que desonera tributos em vários setores da economia, perdeu a eficácia na última quinta-feira (13), por não ter sido aprovada pela Câmara dos Deputados. Lula disse ter conhecimento de que existe acordo entre os parlamentares para que os itens da 252 integrem nova MP.
"Estou convencido de que os deputados têm que ter autonomia para criar as condições de votar, até porque a Medida Provisória do Bem interessa ao Brasil, interessa ao governo, interessa à oposição e interessa aos empresários", afirmou o presidente, em entrevista aos jornalistas, após participar da 15ª reunião da Cúpula Ibero-Americana.
Lula voltou a defender a reforma da Organização das Nações Unidas (ONU), com a ampliação do número de países com direito a veto no Conselho de Segurança. "A democratização precisa ser encarada como uma coisa irreversível, para que possamos atualizar o papel das Nações Unidas, que já está com 60 anos. E o mundo mudou, a geografia do mundo mudou, a geografia política mudou, a geografia comercial mudou, portanto a ONU tem que ser mais representativa", observou.
Lula disse que o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, tem sido um parceiro importante do Brasil e de países como a França, o Chile e a Espanha no combate à fome. "Eu quero, em alguma oportunidade, poder convidá-lo (para ir) ao Brasil para a que gente possa mostrar o que está acontecendo na política de combate à fome".
O presidente também comentou a crise política e as investigações de denúncias de corrupção no Brasil. "Aquilo que foi verdade vai aparecer como verdade, aquilo que foi mentira vai parecer como mentira. Eu acho que houve, em algum momento, muita leviandade, houve insinuações, pouca coisa se provou", avaliou.
"De qualquer forma, estou convencido de que poucas vezes na história do Brasil se teve três CPIs funcionando sem que houvesse qualquer intromissão do governo", acrescentou. Para Lula, o mais importante é poder mostrar ao mundo que as instituições democráticas brasileiras funcionam "independentemente de qualquer situação política".