Em debate, especialistas dizem que telejornais foram ''contaminados'' pelo entretenimento

09/10/2005 - 18h43

Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O telejornalismo brasileiro recebeu diversas críticas no debate promovido hoje pela campanha "Quem financia a baixaria é contra a cidadania" e transmitido pelas emissoras públicas de rádio e televisão. Entre os participantes, o professor da Universidade de São Paulo (USP), Laurindo Lalo Leal, chegou a afirmar que o entretenimento "contaminou" os programas desse gênero.

"Os telejornais agora seguem a lógica do programa de auditório. São escolhidas as cenas que possam causar mais espanto. O jornalismo da tevê está contaminado pelo espetáculo", criticou Lalo, para quem os telejornais deveriam contextualizar melhor suas reportagens. O presidente do Conselho da TV Cultura de São Paulo, Jorge Cunha Lima, usou como exemplo a cobertura da crise política para também avaliar a atuação dos telejornais: "No fim de uma CPI você está mais confuso do que esclarecido."

Outro participante do debate, o pesquisador Venício Lima, lembrou que a duração da crise política e a falta de matérias mais analíticas provoca uma "saturação" na audiência, que se vê diante de uma "overdose" de informações. Para Lima, o telespectador já não entende mais o que assiste no noticiário. "Está faltando um esforço para organizar o volume imenso de informações e procurar dar sentido ao que está ocorrendo", apontou o autor do livro Mídia: Teoria e Política.