Juiz nega ter feito acordo com grupo do MST que ocupa fazenda em Unaí

08/10/2005 - 18h53

Ana Paula Marra
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O juiz da Vara de Conflitos Agrários de Minas Gerais Fernando Humberto dos Santos, que concedeu liminar permitindo aos proprietários a reintegração da posse da fazenda AgroReservas do Brasil, em Unaí (MG), negou que tenha desrespeitado qualquer tipo de acordo firmado com integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Santos disse, inclusive, que não chegou a ser firmado nenhum acordo com o grupo, por falta de disposição dos próprios trabalhadores. "Eles (MST) não quiseram fazer acordo nenhum. Durante a audiência, eu até concedi a eles 30 minutos, mas nada de concreto saiu, pois eles sabiam que seria impossível conseguir ter acesso às terras da AgroReservas", afirmou o juiz.

Ao admitir que o grupo acampado na fazenda AgroReservas não vai deixar o local pacificamente, um dos coordenadores estaduais do MST, Augusto Lima, disse que a determinação do juiz é "irregular" porque teria descumprido acordos firmados com integrantes do grupo. Segundo Lima, havia sido fechado, durante audiência em Unaí, acordo de que seria concedido aos integrantes do MST acampados no local prazo de dez dias para entrarem com uma contestação a respeito da liminar impetrada pelos proprietários e que o juiz só iria tomar qualquer tipo de decisão após o Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária] fazer o mapeamento da região para saber se de fato as terras são devolutas.

De acordo com o gerente-geral da Fazenda, Genival Macedo, dois oficiais de justiça foram hoje à fazenda AgroReservas comunicar a determinação judicial, feita ontem (7), aos integrantes do MST e deram prazo até as 16 horas de hoje para que deixem o local. Até agora, eles não sairam da fazenda.

Segundo o MST, cerca de 400 famílias ocupam parte da Fazenda AgroReservas desde o dia 25 de setembro. A propriedade tem 30 mil hectares e pertence à Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, conhecida como "religião dos mórmons". A igreja tem sede nos Estados Unidos.

Os donos da fazenda alegam ter comprado as terras há dois anos do Grupo Votorantim e afirmam possuir a escritura da propriedade. O MST, no entanto, diz que a terra é pública. O movimento pede que a propriedade seja destinada à reforma agrária.