Relator do Conselho de Ética diz que ex-secretária não apresentou novidades

28/06/2005 - 23h55

Gabriela Guerreiro
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O relator do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, deputado Jairo Carneiro (PFL-BA), disse que ex-secretária do publicitário Marcos Valério de Souza, Fernanda Somaggio, não apresentou nenhuma novidade ao Conselho. Na opinião do relator, ainda é cedo para tirar qualquer conclusão sobre as denúncias do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) da suposta existência de pagamento de mesadas a parlamentares na Câmara. As declarações da ex-secretária do publicitário Marcos Valério, na opinião de Jairo Carneiro, não são suficientes para encerrar as investigações do Conselho, mas também não podem ser consideradas "desprezíveis". "Teremos que comparar isso com fatos que surjam no decorrer do processo", ressaltou.

Jairo Carneiro afirmou, no entanto, que a agenda da ex-secretária entregue ao Conselho de Ética poderá apontar caminhos para as investigações na Câmara. "A agenda é um elemento a mais que fortalece os outros, mesmo sem entrar no mérito de que viagem foi marcada, que reunião foi marcada. Ainda não temos elementos para dizer se a destinação do dinheiro foi ilícita, usado para pagar ou para corromper. Temos de apurar, e o próprio empresário deverá comparecer ao Conselho e será convidado", afirmou o relator.

O depoimento foi questionado por parlamentares da base aliada. O deputado Orlando Fantazzini (PT-SP), membro do Conselho, disse que o depoimento de Fernanda Somaggio foi contraditório. "Ela afirmava categoricamente nas entrevistas que via malas de dinheiro, aqui ela diz que não. Ela dizia que havia envolvimento de estatais, aqui ela diz que não, não pode afirmar. Tudo o que ela fala, ela diz: eu ouvi dizer. É uma ampla contradição, não ajuda a esclarecer nada", afirmou.

Para Fantazzini, a ex-secretária tem a memória "seletiva" e só se lembraria das relações mantidas entre Marcos Valério e dirigentes do Partido dos Trabalhadores. "Na agenda dela há um conjunto imenso de entrevistas marcadas com o governador Aécio Neves, e aqui ela não fala do governador. Por que ela só lembra dos dirigentes do PT e não lembra do governador do PSDB? Ela tem uma memória seletiva. O que convém a ela, ela fala. O que não convém, ela esquece".

O deputado Chico Alencar (PT-RJ) afirmou que Fernanda Somaggio é uma testemunha insuficiente para ditar os rumos das investigações. "Ela está orientada a detonar algumas figuras ligadas ao PT, e esquece os outros. Mas por mais que as testemunhas façam depoimentos insuficientes, isso não as desqualifica", ressaltou.

Já o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), também membro do Conselho de Ética, discorda da opinião dos governistas. Para ele, o depoimento da ex-secretária de Marcos Valério foi fundamental para os trabalhos do órgão. "Foi o terceiro depoimento que vem confirmar essa corrente denunciada pelo deputado Roberto Jefferson. Até agora, dos nove depoimentos públicos na Comissão, oito confirmam as denúncias do deputado. Estão procurando desqualificar os depoimentos. Mas hoje Roberto Jefferson está tendo credibilidade nas suas denúncias", afirmou.