Gabriela Guerreiro e Iolando Lourenço
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - O vice-líder do PT na Câmara, Luiz Eduardo Greenhalgh (SP), admitiu hoje que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá dificuldades em encontrar um substituto à altura do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. "É ruim para o governo, proque o ministro era uma figura central. O presidente terá dificuldades em substituí-lo por uma pessoa com a mesma competência política e administrativa", afirmou.
Segundo Greenhalgh, o ministro foi quem pessoalmente tomou a decisão de deixar o governo: o presidente Lula queria que ele retornasse à Câmara somente quando fosse anunciada a nova reforma ministerial, resumiu. O vice-líder disse ainda acreditar que a presença de Dirceu no parlamento permitirá aos aliados enfrentar de forma mais coordenada as ações da oposição. "A luta continua, como o próprio ministro falou", ressaltou Greenhalgh.
Já o líder do PPS na Câmara, deputado Julio Delgado (MG), comentou que a saída do ministro é uma estratégia do governo federal para afastar do centro do Executivo as denúncias feitas pelo presidente do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ). "É uma forma que o presidente escolheu para descolar todas essas denúncias do seu governo, chegar até o fim do seu mandato, para que essas pessoas possam, fora das ações do governo, oferecer as suas defesas", ressaltou.
Para o deputado Renato Casagrande (ES), líder do PSB na Câmara, o gesto do ministro José Dirceu foi de coragem e de solidariedade com o governo federal. "Ele estava fragilizado no governo pelas acusações que recaíram sobre ele, e também demonstrou coragem com o seu ato, porque colabora com o processo de investigação", disse. Casagrande acrescentou que, ao abdicar do cargo de ministro, Dirceu mostra a sua isenção diante das denúncias. E concluiu: "A presença forte do ministro Dirceu no parlamento reforçará em muito a base. O governo precisa cada vez mais de deputados que defendem projetos de seu interesse".