Incra vai investir neste ano R$ 4 milhões em assistência técnica de assentamentos no Amazonas

28/04/2005 - 8h47

Manaus - O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) planeja investir neste ano no Amazonas R$ 4,4 milhões em assistência técnica em projetos de assentamento. No Brasil todo, o Programa de Assistência Técnica, Social e Ambiental (Ates) dispõe de R$ 152 milhões para 2005. Uma das novas características do Programa Ates, reformulado no ano passado, é a possibilidade de contratar associações não-governamentais para prestar assistência aos assentados.

"Esse dinheiro antes ia só para o governo estadual, que não conseguia atender bem os agricultores. Depois, era enviado diretamente aos assentados, mas surgiram denúncias de desvio. Contratar cooperativas e associações ligadas ao movimento de luta pela terra representa um avanço", disse Maria Conceição Aquino, assistente social do Incra e membro da Coordenação Estadual de Ates no Amazonas.

Marta Cunha, representante da Comissão Pastoral da Terra (CPT) na Coordenação Estadual de Ates, concorda com Maria, mas ressalta que as associações e cooperativas contratadas terão que se esforçar para cumprir as exigências do programa, como a permanência de pelo menos um técnico agrícola no projeto atendido. "Não basta apenas o técnico visitar a comunidade, ele tem que morar lá. Só assim se reverterá a lógica de impor aos assentados determinadas práticas e culturas, para construir com eles os projetos que desejam, a partir de suas demandas", defendeu.

A associação Ajuri Amazônico foi contratada para prestar assessoria técnica ao projeto de assentamento Tarumã Mirim, em Manaus, onde moram 1.080 famílias, divididas em 17 comunidades. Apenas 200 famílias de quatro comunidades previamente selecionadas serão atendidas pelo programa neste ano. Em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), o Ajuri Amazônico irá desenvolver experimentos sócio-produtivos em piscicultura (criação de matrinchãs em canal de igarapé) e meliponicultura (criação de abelhas sem ferrão).

"As famílias serão selecionadas pela associação de produtores de cada comunidade", explicou Dioméia Ferreira, uma das coordenadoras da entidade. A Ajuri Amazônico ainda não dispõe de um técnico permanente no Tarumã Mirim, mas Dioméia afirmou que a associação irá contratar um profissional para morar no assentamento.

Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil