Coordenador do Conselho Indígena diz não temer ameaças do governador de Roraima

21/04/2005 - 18h35

Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil

Boa Vista - O coordenador do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Marinaldo Justino Trajano, afirma que o movimento indígena não precisa temer as ameaças do governador Ottomar Pinto (PTB) de retirar da terra indígena Raposa Serra do Sol todos os serviços prestados pelo governo estadual. "O povo não pode ficar dependente de desmandos de políticos locais, nós temos direitos assegurados pela Constituição da República. Se isso acontecer, vamos brigar na Justiça e também tentar fazer convênios diretos com o governo federal", argumentou.

Marinaldo informou que há em Roraima 640 professores indígenas na rede estadual de ensino. Contou que, a exemplo do convênio firmado com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) desde 1996, o CIR poderia repassar diretamente a esses professores as verbas do Ministério da Educação. Hoje, há no estado 350 agentes indígenas de saúde. "Nós somos parte de Roraima e queremos contribuir para o seu desenvolvimento. Com a homologação em forma contínua da Raposa Serra do Sol temos mais segurança para trabalhar", assegura.

A reserva de Raposa Serra do Sol, em Roraima, foi homologada na última sexta-feira (15). A demarcação em área contínua garante 1,74 milhão de hectares para os índios e exclui algumas áreas, como o núcleo urbano da sede do município de Uiramutã. Em protesto contra a homologação, o governador de Roraima, Ottomar Pinto, decretou luto oficial de sete dias e entrou com ação popular na Justiça Federal contra o decreto presidencial.