Comissão Externa do Senado quer depoimento de fazendeiro nesta semana

27/03/2005 - 18h42

Brasília, 27/3/2005 (Agência Brasil - ABr) - A senadora Ana Júlia Carepa (PT/PA), da Comissão Externa do Senado criada para acompanhar as investigações sobre o assassinato da missionária Dorothy Stang, disse em Belém (PA) que "não cabe a nós julgar ninguém, mas contribuir de toda forma possível para que esse crime se esclareça". A afirmação foi feita por telefone, logo após a chegada do fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, à Superintendência da Polícia Federal na capital paraense.

Bida, acusado de mandar matar a freira em Anapu (PA), no dia 12 de fevereiro, apresentou-se à polícia na cidade de Altamira (PA) e em seguida foi levado para Belém. Segundo a senadora, cabe aos integrantes da Comissão "criar um novo marco na história do Estado do Pará, para pôr um fim à violência e também à impunidade que tem incentivado essa violência".

A Comissão, segundo a senadora, pretende ouvir o fazendeiro nesta semana e ainda colocar no relatório a ser entregue ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB/AL), tudo o que for revelado por Vitalmiro Bastos de Moura.

A senadora contou que há três semanas, junto com o senador Eduardo Suplicy (PT/SP) e com o conhecimento do senador Demóstenes Torres (PFL/GO), relator da Comissão, vem conversando com o advogado do fazendeiro "sobre a importância de ele se entregar". E que por intermédio dela foi negociada a apresentação de Bida à Polícia Federal. "Na negociação foi pedida pelo fazendeiro uma acareação e o advogado quer que ele fique preso na Superintendência da PF em Belém", explicou Ana Júlia Carepa. Ela acrescentou que toda a negociação foi mediada por um juiz e um procurador. "Ontem à noite nós tivemos a confirmação de que ele havia aceitado se entregar", revelou.

Ana Júlia lembrou que o fazendeiro tem afirmado ser inocente: "Então eu espero que ele indique os responsáveis e diga tudo o que sabe sobre quem são as pessoas que têm culpa, porque não dá para acreditar que só aqueles dois mataram a missionária, porque quiseram matar." Na opinião da senadora, "se é verdade que ele é inocente, ele tem que dizer quem é que tinha interesse na morte da irmã Dorothy, porque a gente acha que tem mais gente envolvida nessa história".

O relatório da Comissão Externa do Senado será encaminhado também para o Ministério Público Federal, para autoridades do governo federal e do governo estadual do Pará, para o Superior Tribunal de Justiça e para a CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) da Terra. Os integrantes dessa comissão estarão nessa semana no Pará, para aprofundar as investigações, acrescentou a senadora.