Comandante das tropas da ONU no Haiti rebate relatório sobre suposta violação de direitos humanos

21/03/2005 - 20h52

Lana Cristina
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O comandante das tropas de paz das Nações Unidas (ONU) no Haiti, general Augusto Heleno Pereira, disse que o relatório da organização não-governamental Centro de Justiça Global e do Centro de Direito da Universidade de Harvard contraria tudo o que foi dito sobre a ação das tropas. A missão está no Haiti desde junho do ano passado. "Os fatos relatados ali não têm fundamento e contrariam tudo o que foi dito até hoje, relativo à missão, bastante elogiada por sinal. Lamento o relatório e tudo o que posso dizer é que, ao contrário, já fomos criticados porque estaríamos sendo econômicos no uso da força", comentou em entrevista à Agência Brasil.

O relatório, que será divulgado na quarta-feira, afirma que o comando brasileiro, líder das tropas de paz, bem como as forças dos outros países que integram a missão, vêm permitindo que abusos ocorram. Para a Justiça Global, a Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti (Minustah) pouco tem feito para proteger a população e para impedir a violação de direitos humanos. Pelo levantamento da ONG, houve falha no cumprimento de três pontos da resolução do Conselho de Segurança que estabeleceu a missão de paz.

O Ministério das Relações Exteriores disse que o governo brasileiro ainda não preparou uma resposta oficial e que isso estará em análise após o conhecimento do relatório. Em relação às acusações de que o comando brasileiro estaria permitindo que a polícia haitiana perpetrasse a violência e os abusos, o Itamaraty afirmou que o mandato do Conselho de Segurança da ONU, que cria a Minustah, não conferiu autoridade sobre a Polícia Nacional do Haiti.

O general Augusto Heleno permanece até o dia 30 de maio no Haiti, chefiando a missão de paz da ONU. É quando vence o contrato de um ano que o militar brasileiro assinou com as Nações Unidas. "Tenho um contrato em vigor com as Nações Unidas. Ao final dele, caberá à ONU decidir quem vai enviar para me substituir no posto".