Lula envia à Espanha mensagem no primeiro aniversário de atentados em Madri

11/03/2005 - 18h09

Lana Cristina
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou hoje à Rádio Nacional da Espanha mensagem pela inauguração, em Madri, do Bosque dos Ausentes. A cerimônia lembrou a passagem do primeiro aniversário de uma série de atentados terroristas em que morreram 191 pessoas na capital espanhola. Na ocasião, 13 bombas explodiram em três trens urbanos nas estações de Atocha, El Pozo e Santa Eugenia.

Na mensagem, o presidente brasileiro diz que, na luta contra o terrorismo, é preciso combinar firmeza com um claro compromisso com a democracia, os direitos humanos e a inclusão social. "Sabemos que o ódio que anima os extremistas não se dissipará se respondermos com as mesmas armas", afirma Lula no texto, que foi enviado em espanhol. Segundo a Secretaria de Imprensa e Divulgação da Presidência da República, a mensagem foi lida por um locutor da rádio espanhola.

A SID divulgou a íntegra do texto, em português. Eis o texto:

"A comunidade internacional se reúne hoje para honrar a memória de todos aqueles cujas vidas foram ceifadas pelo ódio irracional e pela violência desumana. Ao inaugurarmos o "Bosque dos Ausentes", nossos primeiros pensamentos voltam-se para as vítimas do bárbaro ataque de 11 de março de 2004 e para seus familiares.

Este Bosque, que Suas Majestades, os Reis da Espanha, consagram hoje, comemora o sacrifício dos parentes, dos amigos, dos concidadãos que agora permanecem conosco na lembrança e na saudade.

Aqui devemos contemplar em silêncio e em meditação a transcendência da vida e a necessidade de buscarmos a reconciliação.

Mas não podemos calar. Este memorial é também um aviso para que respondamos com voz firme e unida ao desafio do terrorismo. Tomemos esta oportunidade para renovar nosso compromisso coletivo de combater atos terroristas em todas as suas manifestações e motivações.

A comunidade internacional está determinada a adotar medidas coordenadas pelo multilateralismo e legitimadas pelo direito internacional para erradicar esse flagelo. Não podemos prescindir deles. Enfraquecê-los significaria fortalecer os inimigos da paz.

Precisamos combinar firmeza na luta contra a violência com um claro compromisso com a democracia, os direitos humanos e a inclusão social. Sabemos que o ódio que anima os extremistas não se dissipará se respondermos com as mesmas armas.

A nação espanhola ensinou-nos o caminho a seguir. Mesmo sob o impacto da dor e da revolta provocadas pelo ataque covarde, a Espanha soube preservar seu compromisso com os ideais da solidariedade internacional e do convívio harmônico entre povos e culturas.

Nesta data tão carregada de dor e simbolismo, rechaçamos o ódio e o temor. Façamos do 11 de março um memorial à paz e à esperança. Pois estamos determinados a unir esforços para que tragédias como essa não voltem a se repetir.

Esta é a maior homenagem que podemos prestar àqueles a quem está dedicado o "Bosque dos ausentes".