Brasília - O combate à fome e à miséria será discutido no 5º Fórum Social Mundial, que ocorre entre os próximos dias 26 e 31 em Porto Alegre (RS). O Seminário Internacional Educação Cidadã e Mobilização Social para Erradicar a Fome e a Pobreza no Mundo vai reunir na sexta-feira (28) o ex-assessor especial da Presidência da República, Frei Betto, e representantes da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), Organização Mundial de Saúde (OMS) e Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Em entrevista ao Repórter Nacional Manhã, da NBr, emissora do poder executivo, o atual assessor especial da Presidência da República, Selvino Heck, destacou a importância desse debate com os representantes internacionais durante o fórum.
REPÓRTER NACIONAL MANHÃ: O Fórum vai ser uma oportunidade de aproximar e vender melhor a idéia de combate à fome para os representantes internacionais, para outras nações do mundo? Pode ser um marco importante para essa luta?
Selvino Heck: Com certeza, porque essa idéia e proposta que o presidente Lula vem defendendo desde o início do governo agora não é só mais um tema brasileiro e que interessa a toda a sociedade brasileira, mas vem se tornando cada vez mais um tema para gente no mundo. A tal ponto que agora, por exemplo, o conjunto de 80 entidades internacionais que têm como preocupação a questão da pobreza e da fome convidaram o presidente Lula a palestrar no Fórum Social Mundial. Ele vai estar lá dia 27 de manhã, no Gigantinho, em Porto Alegre, que é um ginásio onde cabem cerca de 15 mil pessoas. Isso vai dar uma repercussão internacional maior ainda do que já tem hoje esse tema e o Fórum Social Mundial vai ser um espaço privilegiado para isso.
REPÓRTER: Como essa discussão sobre o combate à fome vem avançando nestes cinco anos de Fórum?
Selvino Heck: Você tem agora cerca de 2.000 a 2.500 oficinas, debates, seminários de diferentes temas e assuntos. Além do seminário que o Fórum Brasileiro de Segurança Alimentar vai realizar sobre soberania alimentar, com a presença do presidente Lula, teremos mais um conjunto de oficinas, eventos menores que também vão tratar desse tema. Portanto, cada vez mais, tanto no próprio Fórum Social Mundial quanto na sociedade brasileira e mundial, esse tema tem sido fundamental, até porque nós temos também as Metas do Milênio. Até 2015 espera-se que no mundo se possa, efetivamente, enfrentar o problema da fome, da pobreza, e isto exige não só presença e articulação de governos, mas exige fundamentalmente a presença e apoio da sociedade.
REPÓRTER: Quais são os resultados práticos desse Fórum Social?
Selvino Heck: Eu participei de toda a organização desde o primeiro Fórum, sou gaúcho de Porto Alegre, e o que eu diria é que isso criou uma motivação no mundo, um debate internacional sobre se é possível ou não um outro mundo. Nós dizemos que um outro mundo é possível. Acho que esse é o debate fundamental, desde o respeito aos direitos humanos, o combate à fome, a pobreza no mundo, a questão da cidadania, da democracia, da participação popular. O Fórum Social Mundial hoje é uma referência de todos aqueles setores, de todas aquelas pessoas que querem mudar o mundo, que acham que o tipo de desenvolvimento que nós temos hoje não é um desenvolvimento adequado à humanidade e, portanto, eu acho que esse sentimento forte que se cria no mundo é o resultado principal do Fórum.
REPÓRTER: Na prática essa seria a principal contribuição do Fórum para a construção desse novo mundo possível?
Selvino Heck: Os governos, sejam mais progressistas, mais de esquerda, ou até mesmo governos mais à direita, por exemplo o governo americano, governos da Europa e de outros países do mundo, começam a colocar temas que até agora não colocaram, como a paz, o problema dos direitos humanos, da fome no mundo. Portanto, isso é um sinal de que as pessoas começam a ter um tipo de preocupação. São temas que não interessam a uma, duas, ou três pessoas, interessam a toda humanidade. Se você conseguir criar um sentimento e um objetivo para que a humanidade se coloque daqui pra frente, eu acho que isso é fundamental, e é o que nós precisamos para sobreviver no futuro.
REPÓRTER: O que acontece no meio dessas conferências é também a apresentação de idéias novas, de políticas que foram implantadas em outros países?
Selvino Heck: De práticas novas também. Neste Fórum tem uma inovação muito importante, o acampamento da juventude que deve reunir cerca de 35 mil jovens. Também vamos estar lançando uma moeda social chamada TXAI, um termo indígena. É uma coisa nova, uma moeda nova. Por que temos que estar sendo dominados pelo capital, pelas moedas tradicionais? É uma forma nova de relação com as pessoas. Os equipamentos do Fórum, bolsa, comida, tudo é fornecido ou pela agricultura familiar ou pelos lucros de geração de trabalho e renda pela economia solidária. É uma prática completa, não é só um discurso, não são só palavras, não são só debates, mas são práticas coletivas e solidárias que a gente quer espalhar pelo mundo.
REPÓRTER: Para acompanhar as informações sobre o trabalho realizado na Presidência da República para o combate à fome e à miséria o telefone é ( 61) 310-9510.