Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Embora a eleição da nova Mesa Diretora da Câmara só aconteça em 14 de fevereiro do ano que vem, os debates sobre a sucessão do presidente João Paulo Cunha estão tomando conta das conversas entre as lideranças partidárias e os deputados. Hoje, após almoço na residência oficial da Presidência da Câmara, os líderes partidários saíram em defesa de uma candidatura que possa trabalhar pela independência do Legislativo do Executivo.
Os líderes querem que o novo presidente da instituição defenda os interesses do Legislativo sem estar atrelado ao Palácio do Planalto. O próprio líder do governo, Professor Luizinho (PT-SP), pré-candidato à sucessão de João Paulo, disse que o papel do presidente da Câmara deverá ser defender o Legislativo mas mantendo a harmonia entre os poderes da República. Ele alertou que as pessoas precisam compreender os papeis que cada um ocupa: "se é líder de bancada, defende a bancada; se é líder do governo,defende o governo; se é presidente da Câmara, defende a instituição".
O líder do PFL, José Carlos Aleluia (BA), alertou que o futuro presidente da Câmara precisa ter as qualidades do atual, "mas tem que perceber um novo tempo, que exige um poder independente". Segundo ele, no último período a Câmara teve que se curvar muito à vontade do Executivo: "Quanto menos palaciano for o presidente da Casa, melhor para a instituição. Não podemos admitir o feitor do Palácio como presidente da Câmara"..
De acordo com Aleluia, a escolha do presidente da Câmara tem que ser discutida de forma suprapartidária. Ele reconhece que, pela tradição, cabe àmaior bancada indicar o candidato à presidência da Casa. Nesse caso, o cargo deverá ficar com um deputado do PT, que tem a maior bancada, mas Aleluia não descarta a possibilidade do lançamento de uma candidatura avulsa: "Poderemos ter candidato. As oposições podem se articular com parte da base aliada para apresentar candidato", disse.
Já o líder do PL, deputado Sandro Mabel (GO), adverte que o PT precisa escolher bem o seu candidato, sob pena de perder a votação no plenário: "O PT vai ter que ter juízo e escolher um candidato não olhando para dentro do partido, mas para dentro da Câmara. Se o candidato tiver esses pré-requisitos e for um bom candidato, a base vai apoiar". Ele disse que "se o PT não escolher um bom candidato, correrá o risco de ficar sozinho com a candidatura e os demais partidos da base podem escolher um outro candidato".
Mabel disse que já foi procurado por uma comissão formada pelo PT para discutir candidatura à presidência da Câmara e essa comissão está ouvindo os demais partidos da base sobre o melhor nome do partido para o cargo. Informou ainda que a comissão está buscando o afunilamento em torno de um único nome que una o partido, a base e seja o melhor candidato para presidir a Câmara. Hoje, só no PT postulam a presidência da Câmara diversos deputados.
Com a experiência de ter sido o primeiro presidente da Câmara no novo governo, o deputado João Paulo Cunha garantiu hoje que o PT vai fechar em um único candidato, que irá dialogar com todos os partidos e se tornar viável como presidente da Casa. "Não esperem surpresas. Acho que o escolhido do PT vai atender as expectativas. Não precisa ser como eu, porque terá muito mais defeitos do que virtudes, mas acho que vai ser um bom candidato" , disse João Paulo.