Para pesquisador da Unesp, eleição de Kerry pode reabrir debate sobre preservação ambiental

02/11/2004 - 15h34

Álvaro Bufarah e Juliana Cézar Nunes
Repórteres da Agência Brasil

Brasília – Se depender dos ambientalistas, o candidato John Kerry seria eleito presidente dos Estados Unidos nas eleições de 2004. Professor de História Econômica e Estudos Internacionais da América Latina, o pesquisador Henrique Amaio explica a preferência: o candidato democrata estaria disposto a reabrir o debate sobre preservação ambiental da região Amazônica.

De acordo com o professor da Unesp, Bush exerceu uma política "anti-preservacionista". "Foi uma política volta para o monólogo nessa área", avalia Amaio. "Em outros setores, a vitória de democratas ou republicanos significa pouco. Mas na área ambiental pode fazer uma grande diferença. Kerry significa a possibilidade de diálogo."

O programa de governo de Kerry prevê medidas para reduzir a emissão de mercúrio e gases que provocam o aquecimento global. O documento, no entanto, não defende o Protocolo de Kyoto - tratado internacional que obriga os países industrializados a cortar ou limitar suas emissões de dióxido de carbono e outros gases causadores do efeito estufa. A meta é alcançar até 2012 uma redução média de 5,2% em comparação com os índices de 1990 de emissão desses poluentes.

Em outubro, o protocolo foi ratificado pela Rússia e negado pelo presidente George W. Bush em nome dos interesses econômicos nacionais. Os interesses das indústrias também preocupam Kerry. Durante seu mandato no Senado, no entanto, ele defendeu a divulgação dos estudos científicos sobre o tema e acompanhou as negociações do protocolo.

A agenda democrata para o meio ambiente está mais centrada em questões internas, como qualidade do ar e da água consumida pelos norte-americanos. Jonh Kerry e o vice, John Edwards, se comprometeram a reforçar a proteção sanitária em comunidades próximas a centros industriais e incentivar a criação de áreas de conservação ambiental.

Os democratas também planejam implementar um programa de recuperação das fontes de água. De acordo com eles, atualmente, 45% das reservas de água dos Estados Unidos não podem ser usadas para beber, nadar ou sequer pescar. Kerry defende ainda a busca de fontes de energia renováveis, que reduzam a dependência do petróleo.