Mediador brasileiro no Haiti defende liberação da ajuda econômica anunciada pelos Estados Unidos

02/11/2004 - 14h13

Lourival Macedo e Juliana Cézar Nunes
Repórteres da Agência Brasil

Brasília – Democratas ou republicanos na Casa Branca? Para países em dificuldades econômicas como o Haiti, interessa saber se o presidente eleito irá cumprir as promessas de ajuda financeira. Medidador brasileiro no Haiti, Ricardo Seintenfus, conta que a população da ilha espera ansiosa a entrega de uma doação US$ 1 bilhão, anunciada formalmente pelos Estados Unidos, mas que ainda não saiu do papel.

"O país precisa desse dinheiro para iniciar obras, criar emprego e gerar renda. Cerca de 95% da população está abaixo da linha da pobreza", explica o especialista em Relações Internacionais, que foi convidado pelo chanceler Celso Amorim para promover o diálogo entre os partidos políticos do Haiti. Desde maio, o Brasil comanda a missão de paz das Nações Unidas no país.

Para Seintenfus, ainda não há evidências de que as eleições norte-americanas terão um impacto significativo nas relações entre Estados Unidos e Haiti. "O país sempre foi importante para a política externa norte-americana. Não podemos esquecer que o Haiti está ao lado de Cuba, bem próximo da Flórida", lembra o mediador, que também é diretor da Faculdade de Direito de Santa Maria (RS). "Os Estados Unidos têm um grande interesse em ver no Haiti um governo estável e democrático."

Durante a campanha dos candidatos à Casa Branca, a situação do Haiti chegou a ser comentada. Em entrevista ao jornal The New York Times, John Kerry disse que, se estivesse no poder, teria enviado ao Haiti tropas para apoiar o então presidente Jean-Bertrand Aristide, que partiu para o exílio na África em fevereiro deste ano.