Luciana Vasconcelos
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos aprovou a necessidade de ingressar na justiça para levantar informações sobre a repressão durante a ditadura militar. A comissão foi criada há nove anos e estabelece a responsabilidade do Estado por mortes e desaparecimentos de pessoas que morreram em dependência policial ou assemelhada, cometeram suicídio forçado, se suicidaram por causa dos traumas psicológicos resultantes da tortura ou foram mortas em passeatas e manifestações políticas no período de 2 de setembro de 1961 a 5 de outubro de 1988.
De acordo com o presidente da Comissão, João Luiz Pinaud, até agora todas as tentativas de obter documentos foi frustrada. "A comissão produz muito. Trabalha muito. Agora encontra muitas dificuldades. Necessita para ter acesso a esses arquivos, todos os dados relativos que envolvam as circunstâncias da morte, do desaparecimento, senão ela não tem sentido", afirmou.
Pinaud defendeu que as informações contidas em arquivos da ditadura devam ser reveladas para a sociedade. "Isso não envolve segurança nacional, envolve conhecimento histórico. Temos que conhecer a nossa história, a história é do povo, não é a nossa histórica particular. O povo tem esse direito constitucional que não pode ser limitado por nenhum decreto", disse. Um decreto publicado em dezembro de 2002 e referendado em 2003 proíbe a divulgação de documentos oficiais classificados como "ultra-secretos" por um período de 50 anos.
Criméia Almeida, viúva do guerrilheiro André Grabois, dado como desaparecido em outubro de 1973, também defende a abertura dos arquivos da época da ditadura. Para ela, a história desse período é truncada e mal contada. "A sociedade brasileira necessita conhecer a sua história. A melhor forma de esclarecer isso é abrir todos os arquivos", destacou.
Criméia disse que a verdade sobre os fatos ocorridos na época deve ser contada. "Um país nunca pode viver de mentiras, então se essa verdade é feia, desagradável, incomoda, mas prejudicial ela não pode ser porque é a verdade. Os fatos ocorreram, não adianta esconder e a sociedade brasileira sabe que eles ocorreram, não sabe exatamente como, com que intensidade, com que arbitrariedade. Mas ocorreram, não é ignorado", acrescentou.