Brasília, 11/10/2004 (Agência Brasil - ABr) - O soldado brasileiro ferido com um tiro no calcanhar, no último sábado, durante operação realizada no centro de Porto Príncipe, capital do Haiti, retorna ainda hoje para o quartel da brigada brasileira. Luciano de Lima Carvalho, que serve no 18º Batalhão de Infantaria Motorizada de Sapucaia (RS), estava internado desde sábado no Hospital de Base das Nações Unidas. Segundo o chefe da seção de comunicação social da Brigada Haiti, coronel Luis Felipe Carbonel, o soldado passa bem e já conversou, por telefone, com os pais.
No último sábado, 180 militares da Força de Paz brasileira no Haiti e outros 140 policiais haitianos e das Nações Unidas realizaram operação conjunta no centro de Porto Príncipe. O objetivo, segundo Carbonel, era deter criminosos comuns que atuam na cidade e apreender armamentos. A operação começou por volta das 10h30 (horário local) e durou cerca de cinco horas. Cerca de 70 pessoas foram detidas.
"Um dos bandidos escondidos numa favela, que atiram a esmo, atingiu o calcanhar do soldado brasileiro", informou o coronel do Exército.
O cerco no centro da cidade foi feito nas proximidades do Palácio Nacional, sede do governo, na região conhecida como Bel Air.
O comandante da Força de Paz da ONU, general Augusto Heleno Pereira, disse hoje à Radiobrás que a situação na capital haitiana, nesta segunda-feira, é tranqüila. "Houve alguns disparos esparsos na cidade, mas a situação está sob controle", afirmou.
O general Heleno destacou que a população daquele país vive "uma síndrome de insegurança". Este drama vivido pela população de Porto Príncipe é considerado pelo comandante da Força de Paz como um dos "principais adversários" das tropas das Nações Unidas naquele país. "Às vezes, temos que administrar muito mais boatos, rumores e a sensação de insegurança do que a real situação da cidade", afirmou.
O general Heleno informou que as tropas da ONU intensificaram suas presenças no centro da capital e em pontos estratégicos como portos, aeroporto e algumas estradas fundamentais para que não paralise a economia do país, "que já é bastante precária".
O general disse que "nesta última semana a situação está perfeitamente controlada". Segundo o general, existem pequenas atuações de gangues que formam grupos e dão tiros para o alto, para criarem um clima de tumulto em Porto Príncipe e "se aproveitarem dessa síndrome do pânico que já faz parte da cultura da população".