Policiais militares estão entre os suspeitos dos ataques contra moradores de rua

15/09/2004 - 22h10

Arthur Braga
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Dois policiais militares estão entre os suspeitos de participarem dos ataques em série que resultou na morte de sete moradores de rua e feriram outros oito, na região central da cidade no mês passado.

Nesta terça-feira, um policial do 2° Batalhão da PM, na zona leste, e o outro que trabalhava no Centro, estiveram no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) diante de quatro testemunhas para reconhecimento pessoal. Os suspeitos teriam sido reconhecidos apenas por fotografias, mas não pessoalmente. Os PMs estão recolhidos administrativamente na corregedoria da corporação.

A Polícia Civil investiga um terceiro suspeito, que faria segurança de forma clandestina na região central. Os nomes desses suspeitos estão sob sigilo de justiça. O pedido de prisão temporária pode ser decretado nas próximas horas, já que o DHPP está em diligências e busca provas que liguem os suspeitos aos crimes.

O secretário de Segurança Pública voltou a dizer nesta quarta-feira que o prazo para concluir o caso está mantido, ou seja, até o próximo sábado, dia 18.

O padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo da Rua, disse hoje, que "existem evidências nítidas" apontando para um crime planejado. Segundo ele, existe a possibilidade de que dois dos sem-teto seriam o alvo dos assassinatos. As outras mortes teriam o objetivo de despistar e dificultar a identificação dos assassinos pela polícia.

"As investigações devem ser aprofundadas, mas a impressão que se tem é de que a intenção era atingir alguém (morador de rua), que conhecia o funcionamento e teria relações com o esquema de segurança clandestina, e de outros interesses que vivem nesse submundo que é o centro de São Paulo", afirmou.

Lancellotti informou que um dos "alvos" do ataque morreu. O outro que sobreviveu é uma das vítimas internadas e está sob proteção policial. Indagado se os responsáveis pelo massacre poderiam ser policiais, o padre disse que "é possível o envolvimento de muitos grupos, e de pessoas que conhecem bem a área e as relações dessa área. Sem dúvida pessoas ligadas à segurança respondem a esse perfil".