Liésio Pereira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Os descendentes dos imigrantes japoneses começaram a fazer o caminho de volta a partir dos anos 80, em busca de melhores oportunidades. São os chamados "dekasseguis", palavra que significa pessoa que sai de seu local de origem para trabalhar temporariamente em outro lugar e ganhar dinheiro. No final do ano passado, mais de 274 mil dekasseguis brasileiros residiam no Japão, um crescimento de 2,4% em relação ao ano anterior e um número bem maior que os 1,9 mil que vivam no país em 1985.
As maiores comunidades de brasileiros no Japão estão nas províncias de Aichi (57,3 mil), Shizuoka (41,4 mil) e Nagano (17,8 mil). Entre os estrangeiros que vivem com vistos permanentes no país, os brasileiros representam 57,3%, segundo dados do Ministério da Justiça do Japão.
Os brasileiros estão atrás apenas dos chineses e coreanos entre os estrangeiros que vivem no Japão. A maioria trabalha em linhas de montagem das fábricas, executando o serviço que os japoneses se recusam a fazer. "É um trabalho que eles chamam de três ‘K’: Kiken (perigoso), Kitani (sujo) e Kitsui (pesado)", explicou a jornalista Keiko Bailone, que morou no Japão de 93 a 95.
O trabalhador de uma fábrica no Japão ganha, em média, US$ 2,5 mil mensais por dez horas diárias. As horas extras podem elevar esse valor até a US$ 4 mil por mês. Os dekasseguis mandam cerca de US$ 2 bilhões por ano para o Brasil. Estudo da Fundação Getúlio Vargas constatou que os dekasseguis economizam de US$ 1 mil a US$ 1,5 mil por mês em média.