São Paulo, 20/1/2004 (Agência Brasil - ABr) - O advogado Alberto Toron, disse após seis horas de depoimento do juiz federal João Carlos da Rocha Mattos, no Tribunal Regional Federal, que seu cliente contestou ponto a ponto todas as acusações que apontam um esquema de venda de sentenças judiciais, formação de quadrilha e tráfico de influência, apurados na Operação Anaconda. Segundo Toron, todas as indagações feitas pela relatora do processo, desembargadora Therezinha Cazerta, foram respondidas.
Segundo o advogado, as gravações que estão sendo divulgadas de conversas com Rocha Mattos não são incriminadoras, já que a grande maioria dessas fitas vieram da ex-mulher, Norma Regina Emílio Cunha. "Profundamente enraivecida, magoada pelo fato de Mattos ter arrumado outra mulher", afirmou Toron.
Toron disse que os trechos transcritos e divulgados na imprensa são fragmentos das conversas e não representam a totalidade do que foi discutido. Em muitos casos, disse o advogado, há verdadeiras "bravatas que todos nós falamos em nossas conversas particulares".
O advogado revelou que Mattos solicitou permissão para conversar com a imprensa e o pedido foi negado pela desembargadora Therizinha Carzeta. "É um direito da população ouvir um magistrado acusado", disse o advogado afirmando que o processo que corre sob sigilo de justiça "é o mais vazado da história do Brasil".
Sobre as denúncias de que Rocha Mattos teria obtido um empréstimo do agente da Polícia Federal, César Herman Rodriguez, Toron comentou que essa foi uma operação de natureza fiscal. De acordo com as gravações, Rocha Mattos teria feito um empréstimo de R$ 48.000,00. Alberto Toron informou que fez um pedido ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), para obter o habeas-corpus, questionando o pedido de prisão preventiva que mantém o seu cliente detido na custódia da Polícia Federal, em São Paulo.