Pobreza ainda é a causa principal da falta de saúde do mundo

06/12/2003 - 16h07

Brasília, 6/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - "A pobreza continua sendo a principal causa da falta de saúde em diversas regiões do mundo", afirmou o diretor regional do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) para as Américas e Caribe, Nils Kastberg, na abertura do Seminário Internacional sobre Cuidados Básicos de Saúde, que teve início na manhã de hoje, nesta capital. O evento relembra o aniversário de 25 anos do documento que definiu as diretrizes da atenção básica, assinado por 134 países e 67 organismos internacionais, na cidade de Alma-Ata, no Cazaquistão.

Kastberg elogiou o modelo brasileiro de assistência à saúde. Ele destacou os avanços verificados nas duas últimas décadas e declarou que, apesar da pobreza que agrava o quadro sanitário em todo o mundo, o Brasil tem mostrado como é possível reverter quadros mais pessimistas. "Sem dúvida, o Brasil é um bom exemplo de avanços na área de saúde. Os últimos números divulgados, como os da queda da taxa de mortalidade infantil e do crescimento da expectativa de vida, demonstram claramente essa posição", afirmou.

A diretora da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), Mirta Roses, lembrou que 70% dos adolescentes da América Latina vivem em situação de pobreza e que 40% habitam moradias inseguras, o que aumenta o risco de contrair doenças. "A atenção primária à saúde é a base para a construção da cidadania dos países", disse.

A questão dos recursos financeiros para a saúde também foi um dos temas abordados no seminário. Para o diretor-geral emérito da Organização Mundial de Saúde, Halfdan Mahler, os recursos políticos, financeiros, técnicos e sociais não são, em nenhum país do mundo, devidamente alocados para resolver os problemas de saúde para toda a população de forma igualitária.

O coordenador-geral da 12ª Conferência Nacional de Saúde, Eduardo Jorge, estava presente à cerimônia e aproveitou para fazer um balanço do sistema de saúde nos últimos anos. "Só recentemente, há uns nove ou dez anos, com o Programa Saúde da Família e Agentes Comunitários de Saúde, é que se iniciou no Brasil um trabalho sistemático de trazer os princípios de Alma-Ata para o país. Os resultados estão aí. Pela primeira vez nós estamos levando 'Atenção à Saúde', puxado pelo programa Saúde da Família, para os locais mais distantes do país, mas este trabalho está apenas começando", declarou o coordenador.

O seminário internacional que celebra os 25 anos da Declaração de Alma-Ata prossegue durante todo o dia de amanhã (7). Às 19h, serão apresentadas as conclusões e realizada a abertura oficial da 12ª Conferência Nacional de Saúde.

Confira abaixo a lista das autoridades internacionais presentes no evento:

Ministros da Saúde:
M.J. Doscaliev – Cazaquistão
Fernando S. Antezana Aranaiba – Bolívia
Álvaro Vidal Rivadeneyra – Peru
Ginés Gonzáles Garcia – Argentina
Ministro PCS Moloto – Província de Limpopo – África do
Sul
Albertina Hamukwaya – Angola – Palops
Conrado Bonilla – Uruguai (MERCOSUL)
Roger Capella – Venezuela (PACTO ANDINO)
Mohamed Rahieb Khudabux – Suriname (CARICOM)
Humberto Costa – Brasil
José Rodrigues Soldevila – República Dominicana
(América Central)

Convidados internacionais:
Nils Kastberg – Diretor Regional do UNICEF para as Américas e Caribe
Halfdan Mahler – Diretor-Geral Emérito da Organização Mundial da Saúde
Jacobo Finkelman – Representante da OPAS/OMS no Brasil
David Colin-Thome – Diretor-Clínico Geral para Cuidados Primários do Reino
Unido
Hector Hernandez LLamas – Coordenador Nacional do Seguro Popular de Saúde do
México
Juan Gervas – Assessor da Organização Mundial da Saúde
Horst Schmitthenner – IG Metall Vorstand – DGB – Alemanha
Bárbara Starfield, MD, MPH, - Escola de Saúde Pública da Universidade Johns
Hopkins
David A. Tejada de Ribeiro – Presidente da Academia Peruana de Saúde
Jong Wooklee – Diretor-Geral Emérito da OMS