Brasília, 25/11/2003 (Agência Brasil - ABr) - Possibilitar a troca de experiências e contribuir para a formação de professores e alunos nas línguas portuguesa e espanhola. Essa será uma das principais finalidades do acordo bilateral assinado hoje entre os ministros da Educação do Brasil, Critovam Buarque, e da Argentina, Daniel Filmus. "A Argentina está muito interessada que o acordo com o Brasil não seja só econômico, como o do Mercosul, mas também cultural, para que os povos se conheçam", disse o ministro argentino.
Segundo ele, a intenção é começar com um programa piloto que vai atingir três escolas na região da fronteira entre os dois países. "Inicialmente vamos criar três escolas-modelo, onde os alunos terão aulas de espanhol e português. Em julho do ano que vem, um grupo de 50 professores virá para Porto Alegre e outro irá até Buenos Aires, para aprender a língua e se aperfeiçoar na cultura comum entre os países", explicou.
De acordo com o ministro Daniel Filmus, a escolha da fronteira se dá por um motivo especial: muitas crianças estão passando por dificuldades em se comunicar em cidades onde o idioma mais falado não é o português e nem o espanhol, mas o "portunhol". "É natural que os países não deixem que os alunos falem o portunhol em sala de aula, para preservar a identidade nacional, mas precisamos garantir que eles saibam falar as línguas corretamente", disse.
Para o ministro Cristovam Buarque, a possibilidade do acordo vai além da simples troca de cultura e de linguagem. Pode permitir a integração completa do sistema educacional a exemplo do que acontece com o Mercosul. "Há 15 anos temos o Mercosul unindo as economias. Chegou a hora de unirmos também a cultura e a educação. Queremos criar uma espécie de 'Educasul', à mesma maneira do Mercosul".
Com o sistema educacional comum, os problemas com validações de créditos e diplomas obtidos na Argentina ficarão para trás. Segundo Cristovam, a longo prazo, outros países poderiam fazer parte do acordo, estendendo todos os benefícios para América Latina. "Estamos criando uma comissão que ficará responsável em propor soluções para o problema dos diplomas. Poderemos saber qual universidade estará habilitada a ser reconhecida no outro país e daí por diante outros países também seriam incorporados", afirmou.