Brasília, 21/10/2003 (Agência Brasil - ABr) - Movimentos de luta pela inclusão social querem criar uma Coordenação de Saúde para a População Negra, no Ministério da Saúde. Nessa tarde (21), representantes do movimento negro, que participaram do Seminário Promoção da Igualdade Racial, entregaram uma carta-aberta ao presidente da Câmara, o deputado João Paulo Cunha (PT/SP), na qual pedem a criação dessa coordenação e a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBEGE), apenas 14% da população negra no Brasil são proprietários de plano de saúde, contra 32% de brancos. Teoricamente, a diferença de 18% também deveria estar presentes nos números do atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS), mas não é o que acontece. Cerca de 76% dos negros são atendidos no SUS contra 66% dos brancos, a diferença é apenas de 10%.
No país, cerca de 47% da população negra vive com menos de meio salário mínimo, hoje R$ 120 mês. Para a professora da PUC-RJ, Vânia Santana, esses números refletem o tamanho da desigualdade racial no Brasil. "A elite brasileira precisa entender que os problemas de exclusão social refletem em toda a população, um exemplo disso é o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Quando analisamos apenas a população branca, o Brasil ocupa a 43ª posição mundial, quando se fala dos negros a posição cai para 180ª. A media do país ficou em 64ª", explicou.
O secretário de Atenção à Saúde, Jorge Solla, disse que o Ministério da Saúde vai estudar a proposta. Ele enfatizou outras ações que devem ser feitas, como aumentar o acesso à população negra ao SUS. Para ele o Ministério já está trabalhando para diminuir a desigualdade investindo na atenção básica à saúde, que esse ano teve 30% de aumento no investimento.