São Paulo, 11/9/2003 (Agência Brasil - ABr) - O coordenador da Iniciativa Interamericana de Capital Social, Ética e Desenvolvimento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Bernardo Kliksberg, disse que é intolerável o índice de pobreza apresentado na América Latina, principalmente num continente potencialmente rico. Apesar das condições favoráveis na região para a produção de alimentos, existem muitas pessoas com fome e pelo menos 50 % das pessoas são pobres. A pobreza afeta a qualidade de vida das crianças, cerca de 58% com menos de cinco anos.
Kliksberg ressalta que a desnutrição, o trabalho infantil e a desestrutura familiar colaboram para outro problema, o baixo índice de escolaridade na região. A média estimada é de 5,2 anos. Ele destacou a diferença dos países que investem em educação, citando o Canadá, que gasta em média US$ 6 mil por ano por aluno. Na América Latina, menos de 4 % do Produto Interno Bruto (PIB) é destinado à Educação. O Chile é o país que mais investe, cerca de US$ 1,5 mil por aluno/ano.
No debate que tratou do tema "Como Enfrentar a Pobreza no Brasil e na América Latina? Novas Idéias e Experiências", realizado na Universidade de São Paulo - USP, Kliksberg defendeu uma política pública mais agressiva nas áreas da educação e saúde pública. "O Estado tem de garantir os direitos básicos da população", disse.
Segundo Kliksberg, essas mudanças deverão ocorrer com a mobilização da sociedade civil organizada exigindo que o crescimento econômico caminhe junto com uma política social, tendo como meta a diminuição da desigualdade social - "a ética tem de regular a política pública e a economia", e as empresas devem ter um papel importante no combate à desigualdade e a pobreza, assumindo um compromisso social.
Ele comentou que nos Estados Unidos cerca de 50 milhões de consumidores já estão dispostos a pagar mais em produtos de empresas que demonstrem responsabilidade social. "Com uma combinação entre empresas, sociedade civil organizada, apoiando as políticas públicas dispostas a resolver os problemas sociais poderemos mudar essa realidade atual", declarou Kliksberg.