Lula reage a críticas do antecessor e condena extinção da Sudam e Sudene

21/08/2003 - 23h24

Brasília, 21/8/2003 (Agência Brasil - ABr) - Sem citar o nome do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou a cerimônia de recriação da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) para responder às críticas que vem recebendo de seu antecessor e partir para o contra-ataque. A decisão do ex-presidente Fernando Henrique de extinguir as Superintendências do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e do Nordeste (Sudene) foi um dos pontos rebatidos. "Se acabou com a Sudam, quando deveria ter se mandado prender o corrupto que estava na Sudam, e não fechar a instituição. Imagina se o papa João Paulo II descobre que tem um padre roubando, se ele vai mandar fechar todas as igrejas? Fica mais barato e mais fácil afastar o padre e colocar um honesto para dirigir a igreja", afirmou.

O revide alvançou as reformas da Previdência e Tributária. O presidente afirmou que conseguiu em três meses aprovar uma proposta que, em 20 anos, não conseguiu ser discutida por muitos ex-presidentes. "Não porque não tivessem competência, não porque não tivessem deputados valorosos: não conseguiram porque, aprovar determinadas coisas, no Congresso Nacional, precisa ter paciência para conversar, para dialogar e precisa gostar de fazer política. E, muitas vezes, pessoas são guindadas a cargo de presidente da República e passam a pensar que não precisam de mais ninguém, que pode, apenas o governo e o seu ministério fazerem o que bem entendem, neste país", enfatizou.

Lula admitiu que a reforma tributária não vai resolver todos os problemas do Brasil depois de "anos e anos de desmandos neste país", e que o país estava mergulhado em uma guerra fiscal "alucinada e maluca" nos últimos anos. "Não era possível estados oferecerem financiamentos para capital de giro para 10 ou 15 anos. Não era possível que estados que não conseguem fazer uma casa, para tirar um trabalhador da palafita, davam terreno, infra-estrutura, luz água e ainda 20 anos de isenção para determinadas empresas se implantarem", ressaltou.

"Todos parecem muito inteligentes para saber o jeito que eu peguei este país no dia 1º de janeiro de 2003. É importante ter claro, para saber que estamos contando não apenas com a competência de muita gente, com a vontade de muita gente, mas, eu diria, com a ajuda de Deus, para a gente evitar que a inflação voltasse a 40% e mantê-la a 7%, como estamos mantendo", enfatizou, ao lembrar que quando assumiu o governo encontrou o país em meio a dificuldades.

O presidente desembarcou por volta das 21h30 na Base Aérea de Brasília. Amanhã, Lula recebe pela manhã, correspondente da imprensa internacional que vivem em Brasília. À tarde, o presidente vai prestar homenagem aos atletas brasileiros que participaram do XIV Jogos Pan Americanos em Santo Domingo, na República Dominicana.