Brasília, 12/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - O Departamento de Música da Universidade de Brasília (UnB) completou quarenta anos esta semana. Para comemorar, o Coro Sinfônico Comunitário, a Orquestra Sinfônica e a Orquestra de Cordas fizeram uma apresentação no Teatro Nacional Cláudio Santoro, em Brasília. No programa, obras Suíte Dom Quixote, do alemão Telemann; Stabat Mater, do italiano Pergolesi, e Rhapsodie, do também alemão Brahms.
A história do Departamento remonta à histórica política brasileira. Instalado em 1963 por Cláudio Santoro, inicialmente se dedicou ao desenvolvimento da música de vanguarda. Na década seguinte foi fechado pelo regime militar, mas a sorte estava a favor. "Nomearam Antonio Leite como interditor, mas ao invés de fazer a interdição, ele ajudou a reabrir o grupo sob nova administração e com uma filosofia diferente", conta o professor e maestro, David Junker, primeiro doutor em canto coral no Brasil.
O Departamento cresceu e novos grupos surgiram, como a Serenata de Natal, já tradicional em Brasília. Com ensaios abertos à comunidade, a partir de setembro, o coro se prepara para apresentações de músicas natalinas no final do ano, quando percorre várias quadras habitacionais do Plano Piloto.
Hoje, o alvo das críticas é a falta de modernização do curso de música da UnB. Aulas de música popular e instrumentos elétricos como guitarra e o contra-baixo não existem na grade. Segundo David Junker, essas aulas já estão sendo pensadas, mas há outras prioridades. "Antes de abrir novas especializações é preciso cuidar dos problemas já existentes. Faltam professores de violino, violoncelo e trompete, e esses cursos já estão estabelecidos", justifica.
O Coro Sinfônico da UnB faz há 13 anos um trabalho voltado para a comunidade. A cada semestre são abertas novas vagas e pessoas que nunca estudaram música e que muitas vezes têm a oportunidade de fazer o primeiro contato com a música erudita.
Foi o que aconteceu com Antonio Picarelli, que entrou no coro há sete anos e hoje não só canta, como é um dos administradores do grupo. Ele confessa que entrou "meio empurrado" pela esposa. "Fui para acompanhá-la, estavam precisando de vozes masculinas e acabei ficando. Hoje gosto mais de cantar que minha esposa", brinca Picarelli. Iniciantes ou não, sete mil pessoas já passaram pelo Coro Sinfônico. "O maestro Junker costuma dizer que só não canta quem não sabe assobiar", diz uma das diretoras, Eunice Abdala.
Depois de cinco meses de ensaios, os alunos já estão prontos para as apresentações. Os ensaios são sempre às quintas-feiras, na UnB, das 19h às 22h. Das 18h às 19h, há também uma aula de teoria musical para aqueles que nunca tiveram contato com notas e partituras. "Fomos o primeiro coro da América Latina a se apresentar no Carneggie Hall, nos EUA, em 1964", orgulha-se Eunice.
As inscrições para o próximo semestre ficam abertas até 29 de agosto, no anfiteatro 9 da Universidade. A inscrição custa R$ 10,00 e a pessoa deve levar uma foto 3x4. O telefone é (61) 347- 6867.
