Brasília, 10/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - Nos próximos cinco anos, 1,8 milhão de postos de trabalho deverão ser mantidos ou criados por meio de empréstimos de pequeno valor feitos pelas 94 entidades de microcrédito, assistidas desde o ano passado pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas). Ao longo desse período, as entidades irão receber R$ 22,3 milhões.
Desse total, R$ 18 milhões serão destinados a apoio financeiro para a carteira de crédito e R$ 4,3 milhões aplicados em apoio técnico e capacitação, como consultoria e aquisição de programas eletrônicos de gestão financeira. Seguindo a nova política do governo Lula para o cooperativismo e microcrédito no país, foi assinado ontem (9), no auditório do Sebrae, em Brasília, o FS (Fundo Sebrae de Investimento Financeiro) pelo Programa de Microcrédito do Sebrae, em convênio com o Bancoob (Banco Cooperativo do Brasil S/A), que destinará a aplicação de mais R$ 7,4 milhões em microcrédito.
O Fundo Sebrae é um novo passo do Programa de Microcrédito do Sebrae que em dois anos já liberou R$ 23 milhões e tem atualmente como único investidor o próprio Sebrae. Mas em breve, a expectativa na entrada de organizações como o BNDES, o Banco Mundial (Bird) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), poderá atender as demais entidades de microcrédito no país. Os recursos disponíveis do Bancoob serão destinados inicialmente para 27 Oscips (organizações da sociedade civil de interesse público), que repassarão os recursos disponíveis aos pequenos e médios empresários.
Nas condições atuais, o custo para o tomador será de 12% ao ano, que é a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), utilizada em financiamentos concedidos por bancos oficiais de investimento como o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento). Cada instituição adotará suas políticas internas quanto ao prazo de empréstimo, obedecendo seu prazo final de oito anos para o Bancoob e futuros cotistas.
Atualmente no Brasil existem cerca de 121 instituições de microcrédito, incluindo as SCM (Sociedades de Crédito ao Microempreendedor), as instituições com fins lucrativos e os denominados "Banco do Povo", que são os programas de governo. Essas instituições possuem cerca de 158.600 clientes ativos. A média dos financiamentos alcança R$ 875 por operação. Segundo previsão do técnico Eli Moreno, da Unidade de Apoio a Financiamento e Capitalização do Sebrae Nacional, cerca de 800 mil operações de crédito deverão ocorrer ao longo desses cinco anos.
Conforme o presidente do Bancoob, Raimundo Mariano, uma das maiores dificuldades do pequeno e médio empresário é o acesso ao crédito por meio das agências bancárias. "O Sebrae sabe o quanto é penoso ver um pequeno empresário preparado chegar a uma agência bancária convencional e conseguir ser atendido.Ele quer, às vezes, R$ 20 mil como capital de giro e apesar de ser uma pessoa idônea e oferecer garantias, pagando os juros justos. Ele não tem o apoio financeiro em condições favoráveis em qualquer instituição financeira do país", ressaltou o presidente do Bancoob.
