Rolagem de dívida do BC fica aquém da esperada e colabora para alta do dólar

10/07/2003 - 18h34

Brasília, 10/07/2003 (Agência Brasil-Abr) - Os efeitos da redução nas rolagens da dívida pública atrelada ao câmbio pelo Banco Central começaram a ser sentidos hoje no dólar comercial, que fechou no maior valor em dez dias, a R$ 2,892, alta de 1,01%.

O Banco Central conseguiu renovar 35,8% de uma dívida em contratos de "swap" cambiais que vence na próxima semana, no valor de US$ 2,7 bilhões. O total rolado equivale a US$ 937,6 milhões. Como a renovação das parcelas da dívida será feita em, no máximo, duas operações, a expectativa é a de que o percentual rolado será menor que o dos leilões passados.

Na última operação fechada para renovar parcelas da dívida cambial, o BC renovou 67,5% do vencimento, contra 90% e 95% das anteriores. Na operação, chamada de "swap" cambial, a autoridade monetária "troca" contratos da dívida atrelada ao dólar com o intuito de alongar os vencimentos.

Com a redução no valor alongado, normalmente ocorre a alta do preço do dólar. Isso acontece porque no caso de resgate dos papéis, o BC paga ao investidor que os possuem a variação do dólar no período em que vigorou o contrato mais uma taxa de remuneração com base anual.

O valor que os investidores receberão dependerá da cotação média compilada pelo BC entre diferentes instituições no fim do dia, a chamada Ptax, da data anterior ao vencimento. Na véspera de vencimento desses títulos, as instituições que têm esses contratos em mãos costumam forçar a alta, comprando dólares e diminuindo a oferta, já que assim serão melhor remuneradas.

Outro motivo para a alta do dólar provocada por resgates maiores dos contratos cambiais pelos investidores é a migração que pode ocorrer para investimentos na moeda norte-americana. Na falta de papéis para realizar "hedge" (proteção) contra as oscilações do câmbio, os investidores podem optar pela compra de dólar. Com menos dólar no mercado, a tendência também é de alta do preço da moeda.

No vencimento do contrato de "swap", o BC recebe a variação da taxa de juros no mercado futuro durante o período em que vigorou o contrato e pagará ao investidor a variação do dólar ocorrida no mesmo período, além de uma taxa de remuneração com base anual. O valor do dólar usado nesse ajuste é sempre a Ptax.