Câmara deve promover semana de discussão sobre reforma agrária

10/07/2003 - 17h39

Brasília, 10/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - O presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT/SP), quer promover em agosto um dia de debates sobre a reforma agrária, assunto que reaparece com destaque na mídia por conta do acirramento dos ânimos no campo entre sem terras e fazendeiros. Em mais um dia de périplo pela Praça dos Três Poderes, lideranças do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) estiveram, hoje, com o presidente da Câmara para reivindicar a aprovação de matérias em tramitação na Casa, que julgam importantes no avanço da reforma agrária. Entre os projetos, o coordenador do MST, Gilmar Mauro, destacou o que federaliza os crimes contra os direitos humanos. João Paulo Cunha disse aos representantes do movimento que o projeto deve entrar logo na pauta da Câmara, uma vez que é consenso entre os partidos.

O presidente da Câmara foi presenteado com uma cesta de produtos produzidos pelos sem terra e o boné do Movimento, que ficou famoso ao ser usado pelo presidente Lula em solenidade no Palácio do Planalto. No entanto, não tomou a mesma atitude do presidente, apesar de ontem ter colocado o boné da União Nacional dos Estudantes (UNE) na cerimônia de posse do novo presidente da entidade, Gustavo Petta.

Outro projeto que tramita na Câmara e preocupa os sem terra é o que transfere aos estados a responsabilidade pela execução da reforma agrária, enviado ao Congresso no governo Fernando Henrique Cardoso. Os líderes do MST pediram ao presidente da Câmara o arquivamento da matéria por considerarem que a reforma agrária deve ser centralizada no governo federal. João Paulo Cunha não demonstrou interesse de colocá-la em votação, disse Gilmar Mauro.

O líder do MST fez duras críticas a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as ações da entidade. A seu ver, o PFL e o PSDB querem usar o MST jogando para segundo plano a CPI do Banestado, que investiga a remessa ilegal de dólares ao exterior. "São aprendizes de oposição e estão utilizando o boné do MST dado ao Lula e a CPI como forma de fazer pressão", disse.

Quanto ao crescimento da tensão no campo, Gilmar Mauro afirmou que a maioria das ações adotadas pelo MST vai no sentido de "distensionar" as relações com os fazendeiros. "Com a intervenção da Polícia Federal e do Executivo há uma tendência de redução desta violência. O problema só vai ser resolvido, no entanto, no dia em que se acabar efetivamente com o latifúndio no Brasil", ressaltou.

Iolando Lourenço