Líderes partidários no Senado decidem amanhã criação da CPI do MST

07/07/2003 - 20h25

Brasília, 7/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - A criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada pelo Senado para investigar as ações do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) começa a ser definido amanhã pela manhã, em reunião do Colégio de Líderes. O líder do Governo na Casa, Aloízio Mercadante (PT/SP), aposta no diálogo com outras lideranças partidárias para, se for o caso de se instalar a CPI, que tenha como foco a violência no campo e não apenas as ações do MST. Ele ressaltou que as milícias formadas por fazendeiros, os assassinatos de trabalhadores rurais, a impunidade dos crimes e a grilagem de terras também são questões que devem ser objeto da CPI.

Para Mercadante, a violência no campo tem razões muito mais antigas que o MST. Ele destacou os esforços realizados pelo governo Lula para garantir o assentamento e a permanência no campo de pequenos agricultores como, por exemplo, a recente liberação de R$ 5,5 bilhões para a agricultura familiar. O líder governista acrescentou que a prioridade do Executivo, neste momento, é dar condições de sobrevivência as famílias que estão em assentamentos sem água, luz ou saneamento básico. "O primeiro passo é viabilizar economicamente estes assentamentos", afirmou.

As condições que fizeram da agricultura o carro-chefe da balança comercial brasileira não podem se perder por causa do acirramento dos ânimos no campo, disse Aloízio Mercadante. O superávit do setor deve ser, este ano, de US$ 22 bilhões, e é esta tendência de crescimento que o governo se esforça para preservar. "Precisamos de paz, diálogo e não tentativas de acirrar os ânimos", ressaltou o parlamentar.

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), autor da proposta de CPI, concordou que a comissão também investigue os produtores rurais que se armam para defender suas terras. A seu ver, "a instalação desta CPI é irreversível".

Para começar a funcionar, os partidos representados no Senado terão que indicar à Mesa Diretora os parlamentares que irão compô-la. Isso só pode acontecer a partir de agosto, uma vez que a CPI não está na pauta da convocação extraordinária do Congresso.

Marcos Chagas