Brasília, 6/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - A controvérsia entre as declarações dos ministros da Agricultura, Roberto Rodrigues, e do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rosseto, e da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, sobre o uso de armas no campo levou o líder do governo na Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo, a se manifestar hoje.
Apesar de acreditar que não há opiniões opostas no governo sobre a questão fundiária no país, Rebelo disse que a violência e os desrespeito à lei não serão tolerados."O governo combaterá toda ação criminosa. Não vai tolerar violência e desrespeito à lei", disse.
Na última sexta-feira, proprietários de terras usaram armas para impedir invasões promovidas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Após o episódio, o ministro da Agricultura defendeu o direito dos fazendeiros de preservarem suas propriedades, desde que dentro da lei. Rosseto chamou de irresponsáveis as milícias utilizadas pelos fazendeiros e o ministro da Justiça, por sua vez, afirmou que há diferença entre contratar jagunços e empresas regulares para defesa da propriedade.
O líder do governo disse hoje que o conflito no campo é um episódio recorrente na história do Brasil desde o descobrimento. Ele também pediu o apoio da sociedade para o que classificou de "projeto nacional" para garantir espaço mais justo para a parcela da população que está sem emprego, moradia ou sem condições de sobrevivência. Esse espaço só será alcançado por meio da reforma agrária.
Sobre o fato de o MST estar arregimentando desempregados nas cidades para assentamentos no campo, Rebelo afirmou que não poderia condenar um movimento que "procura pessoas desempregadas para reunir em atividades que são legais".
Ainda de acordo com o deputado, "o que posso dizer é que a reforma agrária é atividade que tem limite porque o estoque de terra também tem limite". Ele defendeu também a criação de um cadastro para a escolha dos trabalhadores considerados aptos para o trabalho no campo.