Brasília, 2/2/2003 (Agência Brasil - ABr/CNN) - O Partido Social-Democrata, do chanceler da Alemanha Gerhard Schroeder, sofreu derrotas nas eleições dos estados da Baixa-Saxônia e de Hessen, neste domingo, em meio à insatisfação popular com o alto desemprego, o aumento de impostos e a ameaça de recessão, de acordo com projeções de institutos de pesquisa.
Nem mesmo a oposição de Schroeder a uma possível guerra no Iraque, que irritou Washington mas agradou a opinião pública alemã, foi capaz de compensar o desagrado com a situação econômica.
Os social-democratas obtiveram seu pior resultado no estado natal de Schroeder, a Baixa-Saxônia, e em Hessen desde 1945, segundo projeções divulgadas pela televisão após o fechamento das sessões eleitorais, às 18h (hora local).
A derrota na Baixa-Saxônia torna impossível para os social-democratas evitar uma maioria do conservador Partido União Democrata-Cristã, de oposição, na câmara alta do Parlamento, e obrigará Schroeder a cooperar com a legenda para fazer passar seus projetos de lei.
"Esse é um voto de não-confiança em Schroeder e seu governo", disse o governador conservador da Baviera, Edmund Stoiber, que foi derrotado pelo chanceler nas eleições gerais de setembro passado. "Nós usaremos esse resultado para forçar uma mudança na política alemã".
Dez milhões de eleitores estavam registrados para votar nos dois estados, no que foi o primeiro teste do sentimento de parte da nação desde o pleito de setembro.
Uma projeção do Instituto de Pesquisas Infratest, divulgada pelo canal de televisão ARD, mostrou que os democratas cristãos conquistaram 48,3 por cento dos votos na Baixa-Saxônia, um significativo crescimento em relação aos 35,9 por cento das últimas eleições de 1998, e os social-democratas caíram 15 pontos percentuais, totalizando 33 por cento.
Em Hessen, os democtatas-cristãos se mantiveram no poder e ainda ampliaram sua representação ao receber 50,1 por cento dos votos, tendo ficado com 43,4 por cento nas eleições de 1999. Os social-democratas caíram de 39,4 por cento para 27,7 por cento, segundo as projeções.
Analistas políticos afirmam que as derrotas poderiam silenciar a facção mais à esquerda dos social-democratas, que tem se oposto às iniciativas do ministro da Economia Wolfgang Clement de desregular o mercado de trabalho.
As derrotas também poderiam substanciar a percepção de que sem cortes radicais no sistema de benefícios sociais que tem tornado empregos onerosos demais para muitas empresas, o governo não conseguiria reduzir o desemprego e perderia poder nas próximas eleições gerais.
As informações são da CNN com Agência Reuters.