Em discurso de quase três horas, Chávez fala sobre movimentos de esquerda e Venezuela

26/01/2003 - 21h17

Porto Alegre, 26/1/2003 (Agência Brasil - ABr) - Terminou há pouco o ato em solidariedade ao povo venezuelano que contou com a presença do presidente Hugo Chávez. Em discurso de quase três horas, Chávez fez uma retrospectiva da história dos movimentos de esquerda, destacando a queda do muro de Berlim em 1989, o fim da União Soviética e a "vitória" do neoliberalismo nos anos 90.

Chávez lembrou que o novo milênio mostra que existe uma nova força surgindo dos movimentos sociais. Como exemplo, ele citou o Fórum Social Mundial que reúne, a cada ano, milhares de pessoas do mundo inteiro para dizer que o neoliberalismo fracassou.

Chávez também narrou a sua própria trajetória até chegar a este momento em que vem sofrendo "uma campanha das elites venezuelanas contra o governo". Ele lembrou que todas as leis que vem implementando são determinadas pela Constituição, elaborada em 1999 com ampla participação popular e referendo nacional. Entre essas leis, ele citou a que acaba com o latifúndio, a que determina um imposto sobre fortunas e a que estabelece a taxa Tobin sobre as operações financeiras.

O discurso foi permeado por gritos de guerra e palavras de ordem em favor de Chavez e pelo fortalecimento da América Latina contra o imperialismo norte-americano. O presidente voltou a acusar a mídia venezuelana de estar orquestrando uma campanha contra ele, manchando a sua imagem internacionalmente. Ele também acusou os gerentes de refinarias de sabotarem a produção do petróleo e disse que está vendendo combustível para Cuba da mesma forma como vende para os Estados Unidos.

"Não sou causa, sou consequência", disse Chavez, ao ressaltar que ele mesmo é fruto dos movimentos populares que propoem uma alternativa à globalização.

Em seu discurso, também lembrou a importância da liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na América Latina, destacando a criação do grupo de Países Amigos da Venezuela. Ele citou ainda Che Guevara para dizer que vai defender, até o fim, as causas que o levaram ao poder e acrescentou que o golpe que sofreu em abril de 2002, cuja intenção, segundo ele, era de assassiná-lo, serviu para fortalecer ainda mais o apoio popular às reformas que vem implementando no país.