Curitiba, 23/1/2003 (Agência Brasil - ABr) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu hoje que, apesar das dificuldades que o seu governo vai enfrentar no primeiro ano, nem ele, nem seus companheiros de trabalho vão trair os ideais que o levaram à presidência do Brasil. "Não cometeremos o erro de negar os ideais pelos quais chegamos à presidência. Podemos não fazer na pressa que queremos, mas vamos construir mais de que um alicerce, erguer uma parede e, quem sabe, alguns cômodos terão cobertura", disse Lula na posse do novo diretor geral brasileiro de Itaipu Binacional, Jorge Miguel Samek.
Durante várias vezes em seu discurso, Lula reconheceu que seu primeiro ano de governo será difícil e limitado, sobretudo em razão das restrições orçamentárias herdadas do antigo governo. O presidente, no entanto, garantiu que não vai deixar se abater pelo desânimo. O presidente voltou a usar uma comparação com o futebol para mostrar que não teme o futuro. "Bom técnico não é aquele que entra ganhando, mas o que sai ganhando, porque o que vale é o final do jogo". Ao reconhecer o peso do cargo, Lula optou por manter a confiança. "Carregamos esse sonho há muito tempo. Agora chegou a hora de mostrar que tinhamos razão. (...) e quero dizer que vamos mudar este país", disse sob aplausos dos cerca de mil convidados que foram à cerimônia.
A confiança do presidente tem como base o apoio popular que vem recebendo desde a vitória nas urnas. Para ele, o Brasil tem "a mais importante oportunidade de um governo na história republicana", foi da população, que quando o encontra, manifesta sua esperança no futuro, ao invés de fazer exigências. "As pessoas não me procuram para pedir emprego, mas para perguntar como ajudar. Se não aproveitarmos isso, vamos dar a maior prova de incompetência que já foi dada, porque vamos perder o capital político do povo que votou pelas mudanças em 27 de outubro", resumiu.
Sejam quais forem as dificuldades, o presidente reiterou a posição de seu governo de não executar cortes nas áreas sociais. "Muitos setores podem esperar mais um mês, outros até mais um ano, mas quem está com fome não pode esperar nem mais um dia", lembrou. Neste sentido, Lula cobrou o apoio de Samek para administrar a água de Itaipu, não só para fins de energia elétrica, mas também para a irrigação de pequenas propriedades rurais.
Samek, em seu discurso, já havia garantido que Itaipu vai trabalhar para ajudar o governo Lula a acabar com a exclusão social. "A partir de hoje, Itaipu estará afinada com o compromisso de seu governo de beneficiar a parcela mais pobre da população. Se fomos capazes de construir a maior hidrelétrica do mundo, seremos capazes de acabar com a fome", afirmou. A ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, também disse que irá trabalhar para a construção de um novo país, onde não só a oferta de energia seja estabilizada mas, sobretudo, onde não haja mais a chamada exclusão elétrica. "Acesso à eletricidade é critério de civilização, ou seja, ter acesso a civilização é ter energia elétrica, e pessoas sem isso não estão ainda no Século XX", afirmou.
A posse de Samek foi a primeira que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou desde que tomou posse. Lula disse que sua presença em Curitiba é uma prova do prestígio do engenheiro paranaense. "Não fui a posse de nenhum companheiro indicado ministro, de nenhuma empresa estatal, e vi aqui em Curitiba porque o Requião (Roberto Requião, governador peemedebista do Estado), disse que se alguém tem força no Paraná, esse alguém é o Samek", afirmou.