Samuel Guimarães reafirma prioridade da América do Sul para política externa brasileira

09/01/2003 - 20h49

Brasília, 9/1/2003 (Agência Brasil-ABr) - O novo secretário-geral do Itaramaty, Samuel Pinheiro Guimarães, disse hoje, depois da solenidade de sua posse no Palácio do Itamaraty que, em qualquer negociação, vale lembrar o exemplo bíblico dos irmãos Esaú e Jacó. Esaú renunciou ao direito de primogenitura em favor de Jacó, em troca de um prato de lentilhas. Segundo Samuel, o exemplo mostra a necessidade de se considerar sempre que os ganhos de curto prazo podem significar perdas a longo prazo.

Samuel descartou, no entanto, que a citação bíblica de seu discurso de posse tenha sido uma referência às negociações com a Alca, e que no cargo de secretário-geral do Itamaraty seguirá as orientações do chanceler Celso Amorim e do presidente Lula. Samuel Pinheiro lembrou que tanto o presidente quanto o ministro Amorim já anunciaram por diversas vezes que os instrumentos necessários às políticas públicas e ao desenvolvimento econômico e social brasileiro serão preservados, e que os interesses do povo brasileiro e as necessidades estratégicas de desenvolvimento serão sempre lembradas.

Em seu discurso, o novo secretário-geral afirmou que a América do Sul é prioridade para a política externa brasileira. De acordo com Guimarães, o objetivo das ações na América do Sul deverá ser o de construir a integração econômica e a cooperação política e social "a partir de uma atitude brasileira que reconheça as assimetrias e procure equacioná-las de forma generosa".

Ele enfatizou que a amizade do Brasil pela África, Ásia e Europa "está no sangue", e que é extraordinária a contribuição dos descendentes destes povos para a formação social brasileira. Segundo o secretário, essa contribuição está refletida na pluraridade de sobrenomes e etnias existentes no país. Sobre os Estados Unidos, Pinheiro Guimarães afirmou que os dois países têm, tradicionalmente, relações de amizade, de cooperação, de respeito e de entendimento. Dessa forma, acrescentou, a intenção será ampliar essa cooperação, "sempre com base nos ideais comuns de democracia, de justiça e de soberania". De acordo com o secretário, a política externa do presidente Lula irá refletir esta realidade.

O embaixador acrescentou que no cargo de secretário-geral do Itamaraty, dará toda a atenção "às negociações econômicas, em especial as da Organização Mundial do Comércio (OMC), do Mercosul e da Alca, para contribuir da melhor forma para a defesa e promoção de nossos interesses vitais e de longo prazo". Segundo o secretário, a paz e o progresso econômico e social de todos os povos dependem do cumprimento do princípio da carta das Nações Unidas. Ele lembrou ainda que os princípios da igualdade soberana dos estados, autodeterminação, não intervenção, solução pacífica de controvérsia estão inscritos na Constituição brasileira, "justamente para orientar, em caráter permanente e em cada situação, a política externa".

O embaixador Samuel Pinheiro Guimarães Neto nasceu no Rio de Janeiro, em 1939. É bacharel em Ciências Políticas e Sociais, pela FND - UB, e mestre em economia pela Boston University (EUA). Ele já ocupou vários postos internacionais como segundo-secretário, conselheiro, ministro e cônsul-adjunto. Samuel Guimarães ocupou, no Brasil, as diretorias da Assessoria de Cooperação Internacional da Sudene, Administrtiva da Empresa Brasileira de Filmes (Embrafilme) e do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais.

Guimarães já foi também assessor da Presidência do Conjunto Universitário Cândido Mendes, redator da revista Visão e professor da Universidade de Brasília. É detentor da Ordem do Rio Branco, do Mérito Mauá, do Mérito Militar, da Medalha Mérito Santos Dumont no Brasil e, na França, da Ordem Nacional do Mérito.

Na sua solenidade de posse presidida pelo chanceler Celso Amorim compareceram, entre várias autoridades, os ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, do Meio Ambiente, Marina Silva, da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, o secretário dos Direitos Humanos, Nilmário Miranda, a embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Donna J. Hrinak e centenas de diplomatas.