Governo argentino suspende ''corralito''

23/11/2002 - 8h42

Brasília, 23/11/2002 (Agência Brasil - ABr/CNN) - O ministro da Economia da Argentina, Roberto Lavagna, anunciou a suspensão de todas as restrições para movimentação de contas correntes, impostas a partir de dezembro de 2001 e responsáveis por verdadeira comoção no país. Os depósitos a prazo fixo, contudo, permanecem congelados. As informações são da CNN.

A medida vigora a partir da próxima segunda-feira (25). Segundo Lavagna, a suspensão do bloqueio, popularmente chamado "corralito", também se aplica às contas de cadernetas de poupança. O limite da retirada de depósitos em contas correntes e cadernetas de poupança era de 2.000 pesos por mês. Lavagna disse que a medida vai liberar o equivalente a cerca de US$ 5,9 bilhões.

Fica em vigor ainda o congelamento dos depósitos a prazo fixo, também chamados "corralón", decididos pelo presidente Eduardo Duhalde em janeiro. No dia 31 de outubro, esses depósitos somavam US$ 2, 5 bilhões, ou cerca de 9.3 bilhões de pesos. Essa cifra era originalmente de 30 bilhões de pesos, porém foi sendo reduzida depois que o governo lançou dois planos para trocar as poupanças por títulos públicos.

Os bancos perderam quase um quarto de seus depósitos em 2001, pelo temor dos clientes de que suas economias fossem confiscadas, o que acabou acontecendo. A fuga de depósitos levou o ex-presidente Fernando de la Rúa a aplicar, no dia 3 de dezembro de 2001, os limites para as retiradas de depósitos à vista.

Com os protestos que se seguiram, Fernando de la Rúa acabou renunciando. Um mês depois, seu sucessor, Eduardo Duhalde, aplicou o "corralón", o congelamento dos depósitos a prazo fixo.

Nos últimos meses, ante sinais de uma maior estabilidade econômica, os bancos começaram a receber mais depósitos.

Lavagna, na entrevista à imprensa para anunciar a suspensão das restrições aos depósitos à vista, disse acreditar que, em algum momento, a Argentina escapou do retorno de uma hiperinflação, o que terá sido, segundo o ministro, uma resultante das restrições impostas. Ele disse ainda não acreditar que o levantamento das restrições vá provocar uma alta do dólar, como se especulou nos últimos meses toda vez em que se discutiu o fim do "corralito".