Coréia do Norte proíbe a circulação de dólares no país

23/11/2002 - 12h24

Brasília, 23/11/2002 (Agência Brasil - ABr/CNN) - A Coréia do Norte decidiu proibir o uso de dólares norte-americanos no país, em medida nitidamente retaliatória à suspensão dos carregamentos de combustíveis para Pyongyang, determinada por Washington. A iniciativa norte-coreana agrava as tensões desencadeadas em janeiro deste ano, quando o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, incluiu o país asiático no que chamou de "Eixo do Mal". As informações são da CNN.

A disputa entre os dois governos ganhou um outro ingrediente dramático no mês passado, com a admissão da Coréia do Norte de que mantinha um programa nuclear, voltado para o desenvolvimento de armas.

A agência de notícias Nova China divulgou que os norte-coreanos e os estrangeiros terão que converter contas em dólar no Banco do Comércio Coreano, estatal, para euros ou outras moedas. Citando uma carta do banco, a agência informou que a medida vigora desde 18 de novembro para os norte-coreanos. Já os estrangeiros terão que fazer a troca a partir de 1 de dezembro.

"Hotéis, casas de câmbios e serviços ligados a estrangeiros não mais receberão dólares norte-americanos a partir de dezembro", declarou um funcionário do banco à Nova China. Se, até o fim deste mês, não receber qualquer declaração por parte do cliente, o banco converterá automaticamente as contas em dólares para euros.

A suspensão do dólar foi, segundo um diplomata britânico ouvido pela Nova China, "o meio político" encontrado pela Coréia do Norte para reagir à pressão crescente por parte dos Estados Unidos. Recentemente, Washington determinou a suspensão, a partir de dezembro, do envio de combustíveis para a Coréia do Norte, em uma tentativa de forçar o país a congelar seu programa de armas nucleares.

A decisão do governo norte-americano, que coincide com a chegada do inverno rigoroso à Coréia do Norte, deverá impor um castigo ainda maior a um país já assolado pela fome. A Coréia do Norte alega que a suspensão dos carregamentos viola a ajuda energética prometida a Pyongyang como parte de um acordo alcançado em 1994.

Pelos termos do pacto, negociado com o governo do então presidente norte-americano Bill Clinton, a Coréia do Norte concordava em paralisar suas instalações voltadas para a fabricação de armas nucleares. Em troca, os Estados Unidos liderariam a construção de dois reatores com fins civis.

O acordo também incluiu a cessão anual de 500 mil toneladas de petróleo por parte dos Estados Unidos.