Brasília, 23/11/2002 (Agência Brasil – ABr) – A Campanha da Fraternidade promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) começou os preparativos para 2003 mais cedo na capital federal. Apesar de seu lançamento estar marcado apenas para a Quarta-Feira de Cinzas do próximo ano, que cai em 4 de março, cerca de 150 representantes das paróquias da Arquidiocese de Brasília, de entidades públicas e privadas de apoio ao Idoso e do Conselho do Idoso do Distrito Federal reuniram-se durante toda a manhã de hoje para discutir estratégias de promoção da Campanha, que vai enfocar a vida em sociedade das pessoas idosas.
Segundo o presidente da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Brasília, Hélio José da Silva, a escolha do mês de novembro para começar os preparativos para a Campanha da Fraternidade tem como objetivo permitir que as pessoas envolvidas na campanha tenham tempo de sobra para elaborar seus projetos, já que a partir de dezembro as festividades de fim de ano impedem a realização de encontros e debates. Depois do início do ano, a preocupação geral é com o Carnaval e, novamente, fica impossível discutir qualquer assunto. "A Campanha da Fraternidade, para ser bem sucedida, precisa ser pensada e planejada. Não pode ser feita de improviso", disse.
A escolha dos temas para a Campanha é feita com um ano e meio de antecedência. Para 2003, a discussão sobre os idosos está enfocada em dois aspectos: a valorização do idoso pela sociedade em função de sua experiência de vida e o respeito aos preceitos constitucionais que definem os direitos básicos (moradia, saúde, liberdade de pensamento, expressão e locomoção) dos brasileiros, em todas as idades. "O objetivo básico é fazer com que o idoso não se sinta papel riscado da sociedade e que, por outro lado, a sociedade saiba reconhecer a importância destas pessoas para a construção do que existe nos dias de hoje", lembra Hélio.
A Campanaha define como idosas todas as pessoas com mais de 60 anos de idade. Segundo a presidente do Conselho do Idoso do Distrito Federal, Clary Marly Munhoz, a diferença entre a idade padrão da Campanha e a definida pela Constituição Federal – de 65 anos – está baseada nos números da Organização Mundial de Saúde (OMS). "Nos países em desenvolvimento como o Brasil, a idade limite para se considerar uma pessoa idosa é de 60 anos. A idade de 65 anos é utilizada apenas para o transporte", disse.
No encontro de hoje, os participantes tiveram acesso ao chamado texto-base da Campanha. Dividido em três capítulos – Ver, Julgar e Agir – o livreto contém um diagnóstico da situação do idoso no Brasil, um retrato da legislação referente ao idoso na esfera federal e sugestões do ponto de vista comunitário e legal, para a reintegração das pessoas que se encontram na chamada terceira-idade no cotidiano familiar e social. A expectativa dos organizadores da Campanha no Distrito Federal é de que a discussão proposta pela CNBB para 2003 pressione os deputados federais a aprovarem o Estatuto do Idoso, que tramita na Câmara sem data para ser apreciado. "Esta pode ser uma grande conseqüência positiva da Campanha", avaliou Hélio.
Além de propor a reflexão da sociedade sobre os temas escolhidos para cada ano, a CNBB aproveita a realização da Campanha da Fraternidade para realizar a "Coleta Solidária". Desde 1999, as paróquias aproveitam o Domingo de Ramos (data oficial para o término da Quaresma, quando as paróquias de todo o país suspendem as atividades formais da Campanha) para recolher doações em dinheiro. Os recursos arrecadados são divididos em duas partes: 60% ficam no Fundo Diocesano de Solidariedade, ou seja, nas paróquias, e os 40% restantes seguem direto para o Fundo Nacional de Solidariedade, gerenciado pela Fundação Cáritas.
Sediada em São Paulo, a Cáritas funciona como um banco de financiamento para as paróquias que enviam projetos específicos de promoção dos temas das diversas campanhas da Fraternidade. Desde o início da coleta, 491 projetos sociais ligados às minorias defendidas pelas Campanhas já saíram do papel. O potencial da coleta é grande. Segundo os organizadores do evento de hoje em Brasília, em 2002 foram arrecadados R$ 5 milhões em um só dia. A Campanha Criança Esperança, realizada durante uma semana pela rede Globo, arrecadou no ano passado R$ 12 milhões.