Brasília, 19/11/2002 (Agência Brasil - ABr/CNN) - O petroleiro Prestige, que estava à deriva na costa noroeste da Espanha há uma semana, partiu-se ao meio hoje, em um acidente que, segundo avaliação de ecologistas, poderá resultar na maior tragédia ambiental de todos os tempos. A embarcação transportava 70 mil toneladas métricas de petróleo. As informações são da CNN.
O grupo WWF havia alertado que, no caso de todo o óleo a bordo do navio vazar, as conseqüências seriam duas vezes maiores do que as provocadas pelo Exxon Valdez na costa do Alasca, em 1989. A CNN informou que os danos causados pelo petroleiro com bandeira de Bahamas já somam US$ 90 milhões.
Nos últimos dias, o óleo liberado pelo Prestige ao longo de uma área de 90 quilômetros quadrados causou a morte de milhares de peixes e pássaros. Vários outros vazamentos menores foram detectados ao longo da costa da Galícia, segundo o governo local. Ambientalistas disseram que as barreiras espalhadas pelo mar, no Oceano Atlântico, serão insuficientes para conter o óleo que começou a vazar após a ruptura do petroleiro.
Especialistas descreveram o derramamento como um dos mais difíceis de se controlar, por ser espesso, pesado e persistente, o que impossibilitava sua dispersão pelo mar. O governo da Galícia alertou que o óleo estava se espalhando para tão distante que até mesmo enseadas mais encravadas na costa seriam maculadas.
A fim de proteger as indústrias da pesca e do turismo contra danos ainda maiores, a Espanha e também Portugal espalharam barreiras pelo mar e proibiram as equipes que tentavam salvar o Prestige de levar o navio para um dos portos.
Ontem (18), dois cabos-de-guerra espanhóis tentaram empurrar o petroleiro para uma área o mais distante possível da costa. Quando se partiu, o navio estava a cerca de 130 quilômetros das praias da Galícia.
A Espanha e a União Européia criticaram as autoridades da Letônia, onde a embarcação recebeu a maior parte de sua carga, e da Grã-Bretanha, que tem jurisdição sobre Gibraltar, para onde se supõe que o Prestige estava seguindo. Os britânicos negam que Gibraltar fosse o destino do navio. Ainda assim, foram acusados, juntamente com os letões, de não seguir as normas de segurança à risca.
O capitão do navio, um grego que está detido em La Coruña, foi acusado de deixar de colaborar com as equipes de salvamento após emitir um pedido de socorro.
A costa noroeste da Espanha sofreu com vários acidentes com petroleiros nos últimos anos, o pior em dezembro de 1992, quando o navio grego Mar Egeu derramou 60 milhões de litros de óleo cru perto de La Coruña.