Pesquisadores brasileiros descobrem réptil voador pré-histórico

19/07/2002 - 9h31

Brasília, 19 (Agência Brasil – ABr) – A descoberta de um grande réptil voador, realizada por pesquisadores do Museu Nacional e do Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM) é um dos destaques da revista americana Science, desta semana. Batizado de Thalassodromeus sethi (o primeiro nome significa "corredor dos mares"; o segundo é uma referência a Seth, o deus egípcio do mal e do caos) esse pterossauro era contemporâneo dos dinossauros, pescava com um bico semelhante a uma tesoura e tinha a cabeça coroada por uma enorme crista óssea.

Segundo os pesquisadores, foi a primeira vez que a revista publicou um trabalho realizado exclusivamente por uma equipe brasileira na área de paleontologia. A descoberta é importante não só pela curiosidade da crista saindo do crânio, mas também por oferecer informações sobre como os pterossauros caçavam.

De acordo com os cientistas, o Thalassodromeus viveu há 110 milhões de anos e tinha uma cabeça de 1,4 metro, devido à crista. O corpo media 1,8 metro e as asas tinham envergadura de 4,2 a 4,5 metros. Seu peso variava entre 30 e 40 quilos.

O material fóssil – crânio e na mandíbula – foi encontrado em 1983, na Bacia do Araripe, região do Cariri, no Ceará, por um morador que o doou ao Museu de Ciências da Terra, do Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM), no Rio de Janeiro, onde ficou guardado desde então. Há apenas um ano e meio, o material foi preparado pela equipe de paleontologia do Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com a remoção de sedimentos. Os pesquisadores chegaram à conclusão que se tratava de uma nova espécie de pterossauro que pertence a um grupo encontrado somente no Brasil e no Marrocos.

Os cientistas imaginam que o Thalassodromeus voava sobre lagoas em busca de comida. A mandíbula inferior se abria, ficando um pouco abaixo da água, para devorar qualquer peixe ou crustáceo que estivesse por ali.

Os pterossauros são os primeiros vertebrados voadores, surgidos milhões de anos antes dos morcegos e das aves. Segundo os cientistas, eles tinham o corpo peludo. Pouco mais se sabe deles, porque seus ossos leves deixaram poucos vestígios e eles não deixaram descendentes.
Uma réplica do Thalassodromeus sethi será exposta ao público, a partir de sábado, no Museu Nacional, no Rio de Janeiro. (Hebert França com informações da Reuters)