Brasília, 12 (Agência Brasil - ABr) - O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, embaixador Sergio Amaral, discute a retomada do Programa Brasileiro do Álcool com
representantes do setor sucroalcooleiro, com o vice-presidente da República, Marco Maciel, e com o governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, nesta segunda-feira, em Recife. O encontro será realizado às 14h30, no Palácio do Campo das Princesas. Ao final, haverá coletiva à imprensa.
O interesse internacional foi decisivo para a retomada do Programa Brasileiro do Álcool. Em missões comerciais realizadas pelo ministro Sergio Amaral à Ásia, empresários e governos de países como Japão, Índia e China manifestaram-se favoráveis a importar a tecnologia e o combustível. "Não é sensato abrirmos mão de um patrimônio que temos, que vai desde a rede de
distribuição até o domínio de uma tecnologia do futuro, num momento em que o mundo desperta para as vantagens do álcool, seja pela geração de empregos, seja por ser mais compatível com os objetivos de proteção ambiental", justifica o ministro.
Em uma recente visita de representantes da Japan Business Federation (JBF) -a confederação das indústrias do Japão -, os empresários manifestaram mais uma vez o interesse pelo combustível brasileiro. Em novembro do ano passado, durante visita do ministro ao Japão, foi assinado o primeiro acordo comercial de compra e venda de álcool etílico anidro carburante (usado na mistura com a gasolina para utilização em veículos automotores). A mistura de até 5% de álcool na gasolina, utilizado no mercado nipônico, deverá ser aprovada em breve pelo governo daquele país.
Para a retomada do programa do álcool, lembra Amaral, é necessário que os produtores possam garantir o abastecimento. "Quero conversar com os mais tradicionais produtores de álcool do país, que estão no Nordeste, sobre o potencial do programa e a necessidade de reconquistar a confiança do consumidor", explica Sergio Amaral, fazendo referência aos problemas de
desabastecimento enfrentados no final da década de 80, quando as usinas trocaram a produção de álcool pela de açúcar, visando maior lucratividade. Amaral reiterou que os japoneses esperam as mesmas garantias de abastecimento que o consumidor brasileiro para que decidam pela compra do produto no Brasil.
Uma das idéias para evitar o desvio da produção de álcool para açúcar, surgidas nas discussões com o setor sucroalcooleiro, é a utilização da alíquota da Contribuição de Intervenção de Domínio Econômico (Cide) para equalizar os preços do álcool e da gasolina. A Cide é cobrada sobre a gasolina e a alteração da alíquota serviria, quando houvesse muita oferta de álcool, para encarecer o preço da gasolina, estimulando, portanto, o maior consumo de álcool. O tributo seria reduzido quando a oferta de álcool fosse menor.
Do outro lado, as montadoras devem disponibilizar, em breve, a produção de carros com motores flexíveis, o chamado flexfuel. Esse veículos podem ser movidos tanto a álcool quanto a gasolina, ou com os dois combustíveis misturados em qualquer proporção. Outro projeto que pode revolucionar o mercado é o da Célula de Combustível. Com um sistema de acionamento elétrico
a partir do hidrogênio, que pode ser obtido por meio do álcool, o sistema aproveita o combustível com melhor rendimento que os motores de explosão, além de reduzir a níveis próximos a zero as emissões de gases poluentes.
Sergio Amaral enfatiza o desejo de que o programa transcorra com o mínimo de interferência do Governo e sem a recorrência a subsídios. "Quero que tenhamos uma participação somente em regulações, como no caso da Cide. O futuro do carro a álcool está nas mãos dos produtores e das garantias que eles podem dar ao consumidor", esclarece o ministro.