Brasília, 12 (Agência Brasil - ABr/CNN) - Pela primeira vez, os alemães terão acesso a arquivos secretos, de conteúdo altamente delicado, sobre personalidades de destaque, os quais foram elaborados pela Stasi, a Polícia da antiga Alemanha comunista. O Parlamento deu aprovação final, hoje, a uma nova lei que garante acesso de jornalistas e pesquisadores aos arquivos. As informações são da CNN.
A Stasi passou mais de 40 anos recolhendo informações sobre dissidentes e pessoas comuns da Alemanha Oriental e o resultado é um gigantesco catálogo com observações que vão do banal à ficção. Registros sobre alemães comuns já haviam sido abertos ao público, preservando-se apenas detalhes de suas vidas particulares. Entretanto, os arquivos sobre figuras ilustres, como o ex-chanceler Helmut Kohl, permaneciam sob proteção.
No começo deste ano, um tribunal federal determinou que os arquivos sobre uma personalidade pública só poderiam ser liberados com o consentimento dessa pessoa. O veredicto respondeu a uma petição apresentada por advogados de Kohl, que queriam que os dados sobre o ex-chefe de Governo fossem mantidos em sigilo, a fim de preservar sua dignidade.
Entretanto, a votação desta sexta-feira no Parlamento muda tudo. Agora, a decisão sobre a divulgação caberá apenas a uma agência federal criada em 1991 para supervisionar os arquivos. Quem quiser ver os arquivos, terá que alegar interesse público sobre as informações. Além disso, a agência não divulgará dados que tiverem sido obtidos por meio de medidas que tenham violado os direitos humanos, como a interceptação de cartas.
Jornalistas e historiadores vinham pedindo para ver o arquivo de Kohl, que tem 2.500 páginas e poderia dar pistas sobre o escândalo financeiro que arruinou sua carreira política. Kohl afirma que os dados foram obtidos ilegalmente, por meio de escuta telefônica, e que, por isso, seus arquivos têm que ser preservados. O ex-chanceler alega ainda que a Stasi pode ter incluído informações falsas a seu respeito.