Brasília, 12 (Agência Brasil - ABr) - Pesquisadores da Missão Paleoantropológica Franco-Chadiana encontraram, no deserto de Yurab, norte do Chade, o crânio de uma nova espécie de hominídeo de sete milhões de anos. Esse é o antepassado mais longínquo do ser humano até agora conhecido. O estudo, feito por esse grupo de colaboração científica entre universidades dos dois países, foi publicado pela revista científica Nature. O grupo é composto de 40 peritos de dez países e foi liderado por Michel Brunet, da Universidade de Poitiers, da França.
O crânio foi encontrado quase completo, acompanhado de dois fragmentos da mandíbula inferior e três dentes, e deve ter pertencido a um macho da espécie, que recebeu o nome de "Toumai". O nome significa "esperança de vida" no dialeto local. Detalhe considerado importante no achado foi a idade dos fósseis de animais encontrados no arredores. A partir desses fósseis, os pesquisadores puderam supor que Toumai tenha vivido no Mioceno tardio, há quase sete milhões de anos, ou seja, quase dois milhões de anos mais velho que os hominídeos até agora encontrados.
A descoberta pode revolucionar as teorias sobre a origem do ser humano e sugere que a separação entre homem e macaco pode ter ocorrido antes do que os especialistas calculavam. O que se sabe hoje é que o mundo estava povoado por símio há dez milhões de anos e, que, só há cinco milhões de anos surgiram os primeiros hominídeos. "Toumai pode ser considerado o antepassado de todos os hominídeos posteriores, ou seja, o antepassado da linhagem humana", explica Brunet na revista Nature.
Cientistas que viram o fóssil de Toumai, acreditam que ele é um achado até mais importante que o primeiro homem-macaco, o Australopiteco africano. Encontrado há 77 anos, sua descoberta fundou a paleontologia moderna. Toumai mostra uma combinação de traços primitivos e mais avançados. A caixa craniana é muito semelhante à dos símios, os ossos da face são delicados e os dentes, especialmente os caninos, são pequenos, parecidos com os dos seres humanos. Além disso, o crânio apresenta uma protuberância na altura das sobrancelhas, que não se encontra fora do gênero humano.
Pelas dimensões do crânio, Brunet acredita que o hominídeo teria a altura de um chimpanzé comum. O grupo franco-chadiano agora aprofundará os estudos com base no material fóssil encontrado, tais como detalhamento da anatomia, reconstrução do espécime em três dimensões, realização de testes dentários. Eles pretendem, com isso, definir suas características, o ambiente em que viveu e seus hábitos. (Lana Cristina, com informações da agência Lusa de notícias)