Bill Clinton apóia luta brasileira por mais recursos no tratamento da Aids

12/07/2002 - 15h10

Brasília, 12 (Agência Brasil - ABr) - Durante o intervalo da gravação de um programa para a MTV ontem (11/07) em Barcelona, com a participação de Bill Clinton, Peter Piot, diretor da Unaids (Agência da Organização das Nações Unidas para a Aids) e Paulo Roberto Teixeira, coordenador do Programa Brasileiro de DST/Aids, o ex-presidente dos Estados Unidos elogiou a experiência brasileira para o restante dos países em desenvolvimento e pediu mais informações sobre o Programa de Aids do Ministério da Saúde.

Bill Clinton perguntou se alterações no quadro político brasileiro não afetariam a qualidade do programa, diante da importância que ele vem tendo para o mundo. Paulo Teixeira explicou que a resposta brasileira à epidemia de Aids "é uma construção conjunta de governo e sociedade civil, resultado de quase duas décadas de trabalho". E que a consolidação deste trabalho, principalmente na última década, torna-o menos vulnerável a mudanças de rumo no quadro político.

Outra preocupação levantada por Clinton foi o de captar mais recursos para o Fundo Global de Aids, Tuberculose e Malária, criado durante Assembléia Especial das Nações Unidas em junho do ano passado. Atualmente, o Fundo conta com US$ 2 bilhões, mas a expectativa era de que já tivessem sido levantados cerca de US$ 10 bilhões.

Clinton alinhou-se a Paulo Teixeira na argumentação de que os países ricos devem aumentar sua participação no Fundo Global. Esta foi uma das principais propostas apresentadas pelo Brasil durante a XIV Conferência Mundial de Aids, que se encerrou hoje em Barcelona.

Paulo Teixeira também alertou para a preocupação de como estes recursos devem ser gastos. "Os países em desenvolvimento que tiverem o apoio do Fundo Global para melhorar o controle da epidemia em suas fronteiras precisam provar que saberão administrar bem esses recursos. Só assim teremos a confiança dos países doadores e, consqüentemente, uma maior participação dos países ricos no Fundo", disse a Clinton.

No último tópico da conversa entre Teixeira e o ex-presidente americano, que durou cerca de 15 minutos, Clinton mostrou-se favorável à expansão da estratégia brasileira em apoiar a produção de genéricos e expandir o modelo de negociações mais efetivas com a indústria farmacêutica, para redução dos preços dos medicamentos para os países em desenvolvimento.

Hoje, no encerramento da Conferência, Clinton destacou que uma das melhores notícias do evento foi a conclusão da negociação conjunta entre países de língua inglesa do Caribe e laboratórios farmacêuticos. Na fala de encerramento, o ex-presidente dos Estados Unidos fez cerca de três referências positivas ao Programa Brasileiro de Aids.