Brasília, 12 (Agência Brasil - ABr) - A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou hoje as conclusões do projeto "Estudo para Identificação de Espécies Patogênicas em Água de Lastro" de embarcações, desenvolvido pela agência e que confirmam a presença de microorganismos como vibrião colérico, coliformes e enterococos fecais, Clostridium perfringens, colifagos e Escherichia coli, nas águas de lastro descarregadas por navios nos portos brasileiros, caracterizando risco à saúde pública.
A chamada água de lastro está presente nos navios de carga que cruzam os mares de todo o mundo. É depositada nos tanques para dar estabilidade às embarcações e necessita ser descartada quando o navio recebe carga. A Organização Marítima Internacional (IMO) recomenda que as operações de troca da água de lastro sejam feitas em alto mar, visando restringir a transferência de microorganismos entre os diversos ecossistemas.
Ao longo de seis meses, técnicos dos portos de Belém (PA), Fortaleza (CE), Suape (PE), Salvador (BA), Ponta Ubu (ES), Sepetiba (RJ), Santos (SP), Paranaguá (PR) e Rio Grande (RS) coletaram 99 amostras de água de lastro de diversos navios, realizando análises físico-químicas e microbiológicas. Os resultados mostram que 95% das substituições da água de lastro ou não aconteceram em mar aberto, como foi declarado aos pesquisadores, ou foram executadas apenas parcialmente, contrariando recomendações internacionais.
A fim de avaliar se a troca de lastro em mar profundo reduz a disseminação de microorganismos patogênicos, a gerência-geral de Portos da Anvisa desenvolveu a primeira etapa de um novo projeto de estudo esta semana, contando com a colaboração da Transpetro/Fronape, que colocou à disposição o navio tanque Itaituba para que o experimento fosse realizado a bordo do mesmo. A embarcação saiu do Porto de Itaqui, em São Luis (MA), na terça-feira, chegando em Macapá (AP) ontem.
Durante a viagem, a equipe de pesquisadores composta por técnicos da Anvisa, do Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM-RJ), do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICD), da Universidade Estadual de Santa Cruz-Ilheus-BA, coletou amostras e iniciou a bordo as análises físico-químicas e microbiológicas da água do porto, da água de lastro e da água oceânica, dos sedimentos e do plâncton.
Os estudos da Anvisa atendem aos compromissos assumidos pelo Brasil na 46ª e na 47ª Reunião do Comitê de Proteção ao Meio Ambiente Marinho da IMO, bem como às recomendações da IMO sobre o monitoramento da água de lastro. Os resultados deste novo estudo serão apresentados pelo Brasil na 48ª reunião do órgão, em outubro.