Governo da Turquia luta pela sobrevivência após renúncia de quinto ministro

09/07/2002 - 12h30

Brasília, 9 (Agência Brasil - ABr/CNN) - Uma crise política aberta pelas preocupações com o estado de saúde do primeiro-ministro da Turquia, Bulent Ecevit, de 77 anos, se agravou hoje com a renúncia de mais um membro do gabinete ministerial, o quinto em 48 horas. Entre os demissionários está um vice-premier, Husamettin Ozkan, que deixou o Partido da Esquerda Democrática, de Ecevit. Vinte e dois membros do Parlamento também abandonaram o partido. Segundo a CNN, o governo de Ecevit está à beira do colapso e há a expectativa nos meios políticos turcos de que o primeiro-ministro faça um pronunciamento ainda hoje.

Ecevit vem se recusando a renunciar, apesar de crescentes apelos e pressões por sua saída, depois de ter passado, nos últimos dois meses, longos períodos internado num hospital, vítima de uma série de doenças. As repetidas ausências do primeiro-ministro levaram a um aumento nas fricções entre o Partido da Esquerda Democrática e o Partido da Ação Nacionalista, seu parceiro na coalizão governamental.

Mesut Yilmaz, outro vice-primeiro-ministro e líder do centro-direitista Partido da Pátria, pediu eleições antecipadas. "Ozkan era quem mantinha coeso esse governo de coalizão", declarou Yilmaz. "Agora podemos nos perguntar como esse governo continuará sem ele".

A crise política irrompeu no momento em que o país enfrenta uma grave situação econômica, com um aumento da dívida externa e uma onda de demissões em massa.

Analistas políticos vêem uma antecipação das eleições – com pelo menos a esperança de um resultado claro que acomodaria reformas econômicas e as aspirações turcas a ingressas na União Européia – como algo preferível a uma longa agonia do atual governo. Mas a composição de um novo Parlamento, depois de tais eleições, é difícil de ser prevista. As pesquisas de opinião pública sugerem que os grandes partidos poderiam fracassar em suas tentativas de garantir bancadas majoritárias no Legislativo.